O filme, em sua economia narrativa, evita a expositividade e constrói todo um universo interno e externo a partir de seus registros erguidos sob escombros, obras inacabadas e olhares periféricos. Uchôa arquiteta a obra evitando excessos estéticos e narrativos e erigindo sua narrativa em torno da fluidez das imagens e situações. Grande filme, que varia nuances entre a inocência jovem, o conflito com a violência externa, o presente vazio e a incerteza de um futuro com pouco mais que a insinuação.
À quem faz o terceiro mundo, uma perícia cuja improvisação no método da representação torna a abordagem irresistível; um Brasil sem condição para escolher lado político. Sem tempero pra enganar o sabor de um real que não merece ser fábula. Belo filme.