Lupas (6)

Com roteiro sensível e ao mesmo tempo informativo, Wang viaja pela evolução cultural chinesa dos últimos 50 anos. Nada é fácil num regime totalitário onde o problema individual de cada um é insignificante para a sociedade. Porém, as pessoas têm sentimentos e vivem suas tragédias em silêncio ("Não é engraçado, ainda temos medo de morrer!"). As atuações e a parte técnica são primorosas, mas a edição entrecortada dificulta o entendimento temporal. O final é abrupto e até incoerente com a narrativa.

A longa jornada de duas famílias atravessadas por uma tragédia é vista em planos deslumbrantes e uma série de elipses temporais. Quando menos se espera, os anos avançaram, mas sentimentos antigos continuam operando por dentro, em um exercício de sensibilidade contida de Wang.

O típico filme que precisa de algumas revisitadas para captar suas nuances. De qualquer forma, pareceu excessivamente longo, mas muito (muito!) humano em seus dramas internos e externos.

A parte técnica é absolutamente impecável, com uma direção de Arte e fotografia que disputam como as melhores do ano. Sua direção não fica muito atrás e carrega uma paciência e delicadeza muito bem vindas a essa estória. O elenco inteiro é super entrosado e manda muito bem, assim como a fantástica maquiagem e trilha sonora. De sentir os anos e o tempo, suas conquistas e perdas...

Com uma elegante direção, uma deslumbrante produção (direção de arte, fotografia, maquiagem), o longa constrói muito bem o peso do tempo após um incidente inesquecível. A amargura, o remorso são as forças motrizes para o fim das celebrações mas para também seguir vivendo em nome de quem não está mais aqui. Jingchun Wang (Yaojun) brilha no meio de grandes atuações, com uma escadaria de sentimentos ao passar dos anos. Raiva, tristeza, melancolia até uma serenidade na velhice. Belo filme.

Um drama muito humano sobre uma família que precisa lidar com o luto e o choque geracional, criticando, como pano de fundo, a política do filho único e a abertura econômica chinesa. O filme perpassa décadas em uma narrativa não-linear e o tempo tem um peso dramático muito forte. Os sonhos... As conquistas... As perdas... As desilusões... Os erros... A vida! Presenciar tudo isso em uma obra tão emocional é algo único. Melhor filme de 2019!