O diretor faz um trabalho de suspense muito interessante na primeira metade, o uso de câmera é excelente, o uso dos espaços vazios,o uso do silêncio, cria uma atmosfera envolvente, o filme toma seu tempo pra construir o roteiro. Para alguns, a virada do filme na metade pode ser muito abrupta, mas funciona, porque é um embate protagonista x antagonista excelente,que já foi bem estabelecido no primeiro ato, se tornando algo bem empolgante.
Atualização esperta, que insere bem o tema dos relacionamentos abusivos em seus elementos estruturantes, nunca soando didático ou gratuito. A incerteza sobre a sanidade da protagonista, que paira por quase toda a obra, vem muito bem a calhar, realçando as sequelas de uma relação tóxica na vida de quem sofreu com isso. Ademais, habilmente cria tensão, desde a sequência inicial, sem apostar unicamente em jump scares (apesar de estes existirem), mas, sim, na angústia da não percepção do perigo.
A imprevisibilidade instiga e incomoda, o que é muito bom. Isso é fruto do roteiro, mas principalmente da direção, que imprime um tom de mistério e incerteza constantes, além de fazer referências visuais típicas de filmes sobrenaturais, o que só aumenta a curiosidade de quem assiste em saber o que de fato acontece. Além disso, embora tenham havido muitas oportunidades para se enveredar para o trash, a direção foi habilisosa o suficiente para lidar com isso.
Mesmo com sérios problemas de ritmo e de montagem, é um trabalho digno, com uma excelente ambientação no primeiro ato. Depois que fica tudo muito estilo "super herói", perde um pouco a força, embora seja divertido de ver. Mas o final, com um dos melhores plot Twist do ano até então, eleva mais uma vez o projeto. Não achei que a protagonista está tão bem assim como dizem, porém, nada que prejudique o saldo final. Agora o Aldis Hodge, senhor, que homem ;)
Trabalha o horror psicológico muito bem, trazendo tensão a tudo com falsas expectativas e pequenas boas surpresas, numa decupagem de filmar o vazio ao melhor estilo Halloween. Moss domina a tela e transmite toda a angústia e trauma de um histórico não mostrado, mas sentido em cada expressão.
Após o desastre de "Sobrenatural - A Última Chave", Whannell aprendeu a lição: cria um filme deliciosamente aterrorizador sem nenhum monstro (literal) e sem as apelações tradicionais do gênero. Elisabeth Moss está um espetáculo.