Todo mundo está careca de saber que David Linch adora inserir elementos oníricos em suas obras. Foi assim em “Twin Peaks”, “Veludo Azul” e, principalmente, em “Cidade dos Sonhos”, onde conseguiu um ótimo equilíbrio entre fantasia e realidade.
Neste último filme (reza a lenda que seria uma série de TV e foi reprovada), ele mais uma vez aposta nesta fórmula para narrar (ou pelo menos tenta) a gradual perda da realidade por parte de uma atriz. Ela está trabalhando em uma refilmagem supostamente amaldiçoada e, pouco a pouco, se vê totalmente sem noção de tempo e não consegue mais pensar com clareza. Uma hora imagina estar apaixonada pelo ator do filme; em outra, não tem idéia de quem seja. É a brecha para Linch ir inserindo todo tipo de elemento fantástico, personagens bizarros e cenas perdidas, que deixam o espectador ainda mais sem juízo que a personagem principal (Laura Dern, com as caretas habituais de sempre). Assim, o que deu certo em “Cidade dos Sonhos”, aqui soa como presunção.
E o pior de tudo é que depois de três horas de filme (no meu caso foram seis, pois vi duas vezes para tentar entender, fora o tempo perdido para voltar algumas cenas...) temos a sensação de que estivemos sonhando o tempo todo e não nos lembramos de nada!...
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