Antes de tudo, é preciso entender que o romance de Eça de Queirós retrata uma família burguesa urbana em meados do século XIX. Assim, uma “atualização” da obra para a sociedade paulista da década de 1950 exige bem mais que a colocação de telefones e carros no cenário.
A idéia do roteiro é bastante interessante: jovem dona de casa solitária, depois da partida do marido engenheiro para trabalhar na construção da nova capital federal por uns tempos, encontra no primo Basílio, antigo namorado da adolescência, todos os prazeres do amor. Mas uma empregada esperta descobre nesta “sem-vergonhice” uma maneira de garantir a “aposentadoria”: chantagear a patroa!
O que tinha tudo para se tornar um bom suspense, no entanto, se transforma em um grande dramalhão brasileiro na parte final. Os atores globais ficam tão à vontade para estragar o roteiro que parecem estar atuando em uma dessas novelas sem pé nem cabeça da Glória Perez. Nem a Glória Pires, que é ótima atriz, consegue convencer como a empregada “sacana”, faltando-lhe um certo cinismo, que cairia muito bem na personagem.
Ao final, resta-nos torcer para que o Daniel Filho não tenha a intenção de adaptar mais nenhum clássico da literatura para o cinema.
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