O filme retrata a história de um caipira que pretende levar o filho pequeno e a mulher para assistirem a um filme do ídolo Mazzaropi em um cinema. Assim, eles peregrinam por vários lugares para cumprirem este difícil objetivo.
Com esta premissa, a história de Quinzinho, este caipira aficionado por Mazzaropi, que mora com sua família em um sítio distante, praticamente isolado da civilização e totalmente parado num tempo romântico, onde o cinema da cidade mais próxima era a única diversão do povo interiorano, tinha tudo para ser uma bela homenagem ao nosso “Carlitos Caipira” e uma poesia cinematográfica sobre os costumes, lendas e tradições do “povo da roça”.
No entanto, o roteiro, aos poucos, foi derrapando com aquela velha mania do cinema nacional de atirar para todo lado, ou seja, a história acaba se perdendo ao misturar a poesia caipira de Mazzaropi com as mazelas sociais do nosso País atual (sem-terras, meninos de rua, multiplicação das igrejas e seu “dízimo”, etc). Não que o cineasta deixasse de abordá-las, mas o fazia de forma diferente, com humor poético e não drama. Assim, ao contrário dos "nossos" filmes tradicionais (aqueles que tentam imitar o estilo francês), que geralmente não têm começo e nem fim, este se perde no meio da trama.
Mas, o filme apresenta bons momentos, principalmente na atuação de Gorete Milagres, que fez bom uso do seu estilo caipira para incorporar a mãe roceira, a ”benzedeira” e conhecedora de simpatias, dos “mal-olhados” e das superstições que povoam o mundo interiorano. Já Matheus Nachtergaele procurou imitar o mestre caipira. Seu andar de “Jeca” ficou muito bom. No entanto, seus diálogos às vezes soaram um pouco exagerados. Destaque negativo do elenco apenas para o ator mirim Vinícius Miranda, que faz o filho do casal. Sua interpretação forçada desejou bastante a desejar. Mas nada que comprometesse a atuação dos protagonistas.
Porém, a impressão que se tem no final é que a “homenagem” a Mazzaropi e ao cinema caipira que ele realizava foi mero pano de fundo para empurrar mais um desses filmes nacionais “ganha-pão”, repleto de “participações especiais” que em nada acrescentam de qualidade ao roteiro.
Como sou um romântico inveterado, ainda fico esperando uma verdadeira obra cinematográfica que represente a grandeza deste que foi o maior cineasta brasileiro de seu tempo e manteve o cinema nacional nos maiores índices de bilheteria na sua época. Como ele dizia: “É graças ao dinheiro arrecadado nos cinemas lotados, com os péssimos filmes que eu faço, segundo a crítica, que gente como Glauber Rocha pode fazer os magníficos filmes que ninguém assiste e a crítica adora”!
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