A desnecessária insistência de Hollywood em estragar memórias
É incrível como o cinema tem o dom de estragar determinadas coisas. Eu não vou me atrever a comparar com Dragon Ball o que foi feito em Cavaleiros do Zodíaco porque seria até covardia, mas vamos olhar para atrocidades como Fullmetal Alchemist e Death Note. Ou vamos nos estender indo para os games e pensar nos dois live actions de Street Fighter ou a mais recente versão de Mortal Kombat. Monstruosidades.
Determinadas coisas nasceram para manter o seu formato original e é isso. Transpor o rico e vasto universo dos saiyajins para a tela é tarefa praticamente impossível, assim como todo o Santuário e suas lendas.
Cavaleiros do Zodíaco não se preocupa em respeitar seu público "original", assim digamos. É algo que lança uma rede em cima de novos fãs, que talvez seja atraído assim a visitar o animê original ou alguma de suas outras versões.
Com isso, o que se ganha é uma novela juvenil que se distancia do material raiz e se lança em um universo novo que por si só é falho.
O que nunca faltou em CDZ foram bons vilões (tirando framboesas vexatórias como cavaleiro de mosca e similares). Obviamente que se tratando de Hollywood, teriam de inventar um novo vilão para a trama. Aahhh Hollywood, você ama essas peraltagens não é? Criar uma Alice para o Resident Evil em meio a mais de dez jogos e diversos protagonistas marcantes. Ou, dentro do universo sombrio e violento de Mortal Kombat, tirar da cartola um protagonista que já nem me recordo o nome e "coadjuvar" todos os queridos e clássicos personagens. CDZ é assim, com Famke Jansen e sua vilã cartunesca e sem passar um pingo de convicção quando em tela. Sim, sua personagem apareceu em uma versão do animê mais recente, e como um homem, mas tão esquecivel como a própria Jansen em tela. Ikki sempre foi um dos mais amados personagens do enredo original, e aqui, se torna um capacho irreconhecível até que ele coloque a armadura (que inclusive já vi cosplay muito melhores feitos com papelão e guache). Seya sempre foi um dos protagonistas mais odiados do mundo, mas o cantor de k-pop nos apresentado aqui é no mínimo, patético. Saori Kido é tão perdida quanto uma barata após levar um spray de baygon e não serve pra absolutamente nada se não tentar ter um pingo de motivação no fiapo de roteiro.
Os efeitos especiais conseguem a façanha de ficarem atrás de um cgi de Playstation 2, e olha que isso não é um modo de falar.
No final das contas, fica aqui um questionamento que é, para que? Qual a serventia real de um projeto desses? Dinheiro não dá pra se falar pois um filme desses mal se paga. Tentar trazer ao público atual algo que foi auge em meados dos 90? Não creio ser esse o melhor caminho, visto que somos inseridos em um contexto bem diferente de gerações e não vejo um longa desses tendo impacto algum como o desenho teve na época da Manchete. Não serve para agradar aos saudosistas por motivos óbvios. Então, qual o objetivo de se criar algo do tipo? Acho que nunca saberemos a resposta.
Esse filme sempre teve uma carinha de desastre completo desde que foi anunciado.