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Entenda Medo e Delírio, filme incompreendido com Johnny Depp

Entre os vários papéis intrigantes interpretados por Johnny Depp, o de Raoul Duke em Medo e Delírio em Las Vegas foi um dos mais desconcertantes, a história é baseada em um livro de Hunter S. Thompson, escritor americano que criou o estilo de narrativa gonzo. Inclusive esta forma de contar uma história é muito bem retratada no filme, entretanto o roteiro um pouco confuso o tornou um dos filmes mais desconhecidos da carreira de Johnny Depp. 


Filme retrata período conturbado da história americana usando o estilo de jornalismo gonzo

Em Medo e Delírio, somos levados a um Estados Unidos do começo dos anos 1970, que vivia um momento muito conturbado devido a Guerra do Vietnã. Uma série de protestos e surgimento de movimentos sociais, como os hippies, aconteceram como uma forma de contracultura a tudo que existia na época, principalmente em relação ao ideal do “sonho americano”.

É neste universo um pouco descrente com o futuro onde encontramos os protagonistas, o já citado jornalista Raoul Duke, interpretado por Johnny Depp e seu advogado, Dr. Gonzo, interpretado por Benicio del Toro. A história começa com Douke sendo contratado inicialmente para cobrir a corrida Mint 400, entretanto a viagem até lá acontece de uma maneira um tanto fora do normal, com eles alugando carro de luxo, fazendo contas astronômicas em hotéis e simplesmente indo embora sem pagar.  


A trama contada de maneira desenfreada e muito satírica é marca do jornalismo gonzo, onde os acontecimentos acontecem a partir do ponto de vista do autor não se prendendo necessariamente à verdade, sendo o entendimento parte importante para compreensão da trama. Esta forma de ver o mundo um pouco inverossímil, sarcástica e um tanto humorada cria essa atmosfera até um tanto desconfortável para o filme, que é regado ao uso excessivo de substâncias ilícitas.

Com elenco de peso Medo e Delírio retrata uma Las Vegas longe do habitual

Inclusive isso já é passado aos espectadores logo no começo da trama, quando eles oferecem carona a um jovem interpretado por Tobey Maguire, que após acompanhá-los por alguns quilômetros no banco de trás do carro resolve fugir. Ele, na realidade, representa a visão dos espectadores em relação às loucuras que eles cometem e não pense que são poucas. Para interpretar as situações variadas que o filme traz, o filme conta um elenco de respeito, com atores como Cameron Diaz, Christina Ricci e até Flea do Red Hot Chilli Peppers. 
 
Além dos personagens excêntricos que o filme mostra, outra coisa que chama a atenção em Medo e Delírio é sua estética, o filme representa os Estados Unidos de uma maneira caótica e uma Las Vegas um tanto decadente. Ao invés de luxuosos cassinos como geralmente os filmes hollywoodianos mostram, neste temos cassinos com croupiers vestidos de palhaço dando as cartas em mesas de jogos de Blackjack e até dinossauros em uma viagem da cabeça de Raul Douke. 

Terry Gilliam de Monty Python foi o diretor de Medo e Delírio

Para trazer esse universo peculiar dos livros às telonas, o filme contou com a direção de Terry Gilliam, um dos comediantes do grupo inglês Monty Python, referência do humor que conta também com um tom de humor bem acentuado. Ele na época estava bem acostumado a fazer estes tipos de filmes alternativos tendo lançado anteriormente o desconhecido Brazil: The Movie de 1985 e 12 macacos.  

Conta com a experiência de Terry Gilliam o filme também precisou de uma boa atenção ao roteiro que Não foi nada fácil de escrever, inclusive foram precisos 3 escritores para sua criação, sendo que a trama foi baseada em uma espécie de quase autobiografia escrita por Hunter S Thompson a revista Rolling Stones e posteriormente foi transformada em livro.

Obra de Hunter S. Thompson é uma forma de crítica a tudo que acontecia na época

Quando nos aprofundamos na trama do filme percebemos até algumas pistas de que Raoul Duke é na realidade o próprio Hunter S. Thompson e naturalmente observamos também que seu advogado samoano é justamente intitulado com o nome do seu tipo de escrita jornalística. Um fato curioso em relação ao escritor é que ele era um grande amigo de Johnny Depp desde 1994 que encarnou o papel do jornalista em uma de suas melhores atuações.


Por isto, apesar de Medo e Delírio em Las Vegas parecer uma obra um tanto desconexa e que se perde um pouco em mostrar o seu real sentido, após entendermos tudo que está por trás da cabeça de Hunter S. Thompson e sua forma de escrita percebemos o quão crítica a obra é. 

Todos os personagens exóticos, a forma como a trama é contada com sinais de loucura e reflexões mostram na realidade o grito de desespero de uma sociedade que já estava saturada com tudo que estava acontecendo em sua época. Através de suas várias cenas, Medo e Delírio tece várias críticas ao conservadorismo americano, consumismo e a tudo que se passava na guerra sob um olhar bem humorado, irônico e muitas vezes sarcástico de Hunter S. Thompson.

 

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