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Netflix reabre o histórico Paris Theatre, em Nova Iork

A Netflix comprou briga com muito figurão em Hollywood e outras praças ao despontar no mercado como uma alternativa de peso ao cinema tradicional. Dentre os seus maiores rivais, as grandes cadeias de cinemas dos Estados Unidos, detentoras de milhares de multiplexes — expressão que se refere aos cinemas que mais vemos no Brasil dentro dos shopping centers: um local, muitas salas, em geral tomadas por blockbusters e alternativa limitada  coisa que não existe na gigante do streaming.

Desde seu lançamento como produtora e distribuidora de seus próprios filmes, com Beasts of no Nation (2015), a Netflix sonha com prêmios em grandes festivais, como Cannes, e premiações, como o Oscar. E conforme suas chances cresciam, crescia junto o lobby de seus adversários. Que protestavam que um filme precisaria ser lançado no circuito tradicional para concorrer nos eventos de cinema tradicionais, e ao mesmo tempo se recusavam a exibir os filmes da Netflix em suas salas.

Toda dificuldade não impediu que a Netflix lançasse seus filmes em circuito limitado e pudesse concorrer aos grandes prêmios da temporada, a ponto de ganhar três estatuetas no Oscar 2019 só com Roma. Mas, em um combo de precaução e prestação de um bem público, a empresa de streaming decidiu ter a sua própria sala de cinema na capital do mundo. E não é qualquer sala: é o Paris Theatre, um cinema lindo e histórico que é o último single-screen (sala que só programa um filme por semana ou mais tempo) de Manhattan.

O Paris Theatre reabriu essa semana, após quase três meses fechado, para a exibição de História de um Casamento, drama estrelado por Adam Driver e Scarlett Johansson que é um dos fortes concorrentes ao Oscar 2020. E aí o que seria uma temporada especial reaberto se tornou a reinauguração do charmoso cinema de Nova York. A Netflix oficializou um acordo de concessão de longa data em que usará o Paris Theatre como sede de eventos especiais, pré-estreias e exibição de seus produtos originais que são muitos, garantindo a abertura permanente do cinema de rua.

Além da história contada nos primeiros parágrafos, o feito da Netflix é muito irônico porque quando do fechamento do Paris Theatre, no último dia 1º de setembro, todo mundo responsabilizou os serviços de streaming pelo afastamento do público dos cinemas tradicionais e consequente fechamento da sala, construída há 71 anos. Pois será justamente o maior expoente dessa nova mídia, a Netflix, que manterá o velho negócio do cinema de rua no mercado. E, ao que tudo indica, por muito tempo.

Os não privilegiados de assistir ao elogiadíssimo História de um Casamento no Paris Theatre poderão conferir o novo longa-metragem de Noah Baumbach (Os Meyerowitz) na Netflix a partir da sexta-feira da semana que vem, dia 6 de dezembro. O filme passou nos cinemas brasileiros há 1 mês, na 43ª Mostra de São Paulo confira a nossa crítica.

Comentários (2)

Luís F. Beloto Cabral | quinta-feira, 28 de Novembro de 2019 - 16:54

Interessante ver no que isso vai dar. Não havia pensado por esse lado: a Netflix como principal concorrência ou oposição às majors de distribuição (especialmente, a Disney), embora ela tenha suas questões também.
Seria legal, se possível, um artigo mapeando a situação atual ou as previsões do mercado cinematográfico estadunidense pós-Disney-Fox, e mesmo as reverberações disso na distribuição brasileira. Imagino que seria um pequeno trampo, mas fica a sugestão para os leigos interessados no assunto como eu. :P

Rodrigo Torres | sábado, 30 de Novembro de 2019 - 05:22

Boa ideia, Luís.

Eu ando meio ocupado com outras coisas, o que me fez adiar um outro sobre o impacto da Netflix em outra mudança na indústria: a possibilidade de as majors fazerem isso aí também e ter suas salas (algo que acabou o velho sistema de estúdios e transformou Hollywood). Vou colocar essas duas na lista, rs.

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