Saltar para o conteúdo

Notícias

O adeus a Domingos Oliveira


O cinema brasileiro ficou menos amoroso. Domingos Oliveira, o autor de clássicos como Todas as Mulheres do Mundo e 'Edu Coração de Ouro', morreu neste sábado aos 82, no início da tarde no Rio de Janeiro. Uma trajetória prolífica e nunca interrompida foi então encerrada exatamente num momento de retomada de fôlego, ou seja, sai de cena num auge que poucas vezes não existiu, para ele.

Casado com sua musa Leila Diniz, deu a ela de presente sua formidável estreia, Todas as Mulheres do Mundo, e construiu ao lado de Paulo José um dos grandes clássicos nacionais, reverenciado por todas as gerações e constantemente citado em listas de melhores da História do nosso cinema.

Domingos era também ator e dramaturgo, e tantas vezes levou suas peças ao cinema, como em Carreiras, Separações e Todo Mundo tem Problemas Sexuais. Seu último longa lançado no circuito, 'BR 716', foi como tantos uma carta de amor a seu próprio passado e saiu do Festival de Gramado de três anos atrás como o grande e merecido vencedor, provando estar de volta aos seus melhores dias.

Domingos esteve presente na criação da Rede Globo, onde escreveu especiais de sucesso desde o primeiro ano da emissora. Permaneceu colaborando com eles regularmente e talvez seu grande momento no veiculo tenha sido a minissérie Contos de Verão.

Casado há 38 anos com Priscila Rozembaum, tinha nela uma parceira de trabalho, e nos últimos 25 anos, raras foram os seus trabalhos cinematográficos onde Priscila não esteve envolvida, uma parceria de sucesso para ambos, na arte e na vida. 

Desde a década passada descobriu sofrer do Mal de Parkinson, o que nunca o impediu de trabalhar incansavelmente, tendo inclusive deixado dois filmes prontos e inéditos, Os 8 Magníficos e Aconteceu na Quarta-Feira. Partiu tranquilamente no início da tarde, de causa ainda não divulgada, depois da doença ter provocado tanto sofrimento. 

Pai de quatro filhos, incluindo a mais velha Maria Mariana, que foi dirigida pelo pai em Confissões de Adolescente nos palcos, Domingos provou como o cotidiano das relações humanas e amorosas, e como suas próprias histórias e de seus amigos, seriam a base de uma obra memorável, criada ao lado das pessoas que sempre amou e retratando o afeto que sempre compartilhou. Um autor único no país, deixa uma filmografia impossível de ser reproduzida, pela essência naturalista e pelo tanto de carinho que sempre fez questão de fazer saltar da tela.

Comentários (1)

Bernardo D.I. Brum | domingo, 24 de Março de 2019 - 11:45

Triste. Um diretores mais originais que já tivemos.

Faça login para comentar.