Festival de Brasília 2018: uma bela temporada
- por Francisco Carbone
A noite foi mais uma vez de reinado mineiro na capital do país. Pelo terceiro ano consecutivo, Minas Gerais sai vencedora do Festival de Brasília, com resultados divulgados na noite de ontem em longa cerimônia de premiação (quase 3 horas e meia). Se em 2016 Marília Rocha saiu como a campeã por A Cidade Onde Envelheço e em 2017 Affonso Uchoa e João Dumans se consagraram com Arábia, o júri dessa edição volta a acertar com a escolha do longa de André Novais de Oliveira, Temporada, uma aula de delicadeza, sensibilidade e inclusão, de corpos negros em posição de destaque, refazendo uma história que os retirou do protagonismo de nossos filmes. O filme levou 5 prêmios no total, e saiu de Brasília consagrando sua produtora, a Filmes de Plástico.
Tendo como sócios o próprio André e seus amigos Thiago Macêdo Correia, Maurilio Martins e Gabriel Martins, a Filmes de Plástico tem incendiado lentamente nosso cinema e chega aqui a talvez o seu ponto mais alto. Tendo em sua cartela filmes incríveis como Quinze, 'Nada', Fantasmas', Pouco Mais de um Mês e Quintal,entre muitos outros, a produtora tem tido uma entrada em festivais internacionais e tem arrebatado a crítica por aqui. O longa anterior de André, Ela Volta na Quinta, passou em Brasília há quatro anos e já tinha saído daqui em alta conta. O produtor Thiago e André já tinham se emocionado muito na noite da estreia, relembrando a trajetória da mãe de André, Maria José Novais de Oliveira, que o filho transformou em premiada atriz e faleceu recentemente, provocando também a emoção da plateia. André dedicou a ela sua vitória.
Grace Passô e Russão ganharam respectivamente os prêmios de atriz e ator coadjuvante pelo filme, dois desempenhos notáveis que foram ovacionados, e Grace deu um show no palco com sua impecável eloquência. O melhor ator foi Aldri Anunciação por Ilha e a atriz coadjuvante foi Luciana Paes por A Sombra do Pai. O filme de Ary Rosa e Glenda Nicácio também ganhou o prêmio de roteiro e o de Gabriela Amaral Almeida venceu em montagem e som. O prêmio de direção foi para uma Beatriz Seigner muito feliz no palco, pelo seu belo trabalho em Los Silencios.
Linn da Quebrada e Jup do Bairro foram algumas vezes ao palco receber prêmios por Bixa Travesty, sendo amplamente aplaudidas sempre. As duas mulheres trans artistas passaram diversas mensagens de inclusão, respeito e bradaram sempre contra a violência que os negros e os LGBTQI+ têm sofrido na sociedade.
Entre os curtas metragens, o grande vencedor foi o impactante Diga Isso Àqueles que Dizem que Fomos Derrotados, sobre ocupações e reapropriações de terras reais feitas em formato de documentário. O belíssimo Guaxuma ganhou prêmios de direção, trilha e direção de arte, e o excelente Reforma deu a seu diretor Fábio Leal os prêmios de ator e roteiro, dos prêmios mais merecidos e aplaudidos da noite.
Abaixo, a lista de vencedores, quase todos escolhas muito merecidas do júri.
Longa-metragem
Melhor filme (Prêmio Técnico Dot Cine): Temporada
Melhor direção: Beatriz Seigner (Los Silencios)
Melhor ator: Aldri Anunciação (Ilha)
Melhor atriz: Grace Passô (Temporada)
Melhor ator coadjuvante: Russão (Temporada)
Melhor atriz coadjuvante: Luciana Paes (A Sombra do Pai)
Melhor roteiro: Ilha, Ary Rosa
Melhor fotografia: Temporada, Wilsa Esser
Melhor direção de arte: Temporada, Diogo Hayashi
Melhor trilha sonora: Bixa Travesty
Melhor som: A Sombra do Pai, Gabriela Cunha
Melhor montagem: A Sombra do Pai, Karen Akerman
Júri Popular
Melhor longa-metragem (Prêmio Petrobras de Cinema e Prêmio Técnico Canal Curta!): Bixa Travesty
Prêmio Especial do Júri
Longa-metragem: Torre das Donzelas
Menção honrosa do Júri
Bixa Travesty, pelo posicionamento e impactante apresentação da dupla Linn da Quebrada e Jup do Bairro
Curta-metragem
Melhor filme (Prêmio Técnico Dot Cine): Conte isso àqueles que dizem que fomos derrotados
Melhor direção: Nara Normande (Guaxuma)
Melhor ator: Fábio Leal (Reforma)
Melhor atriz: Maria Leite (Mesmo com tanta agonia)
Melhor ator coadjuvante: Uirá dos Reis (Plano Controle)
Melhor atriz coadjuvante: Noemia Oliveira (Eu, minha mãe e Wallace)
Melhor roteiro: Reforma, Fábio Leal
Melhor fotografia: Mesmo com tanta agonia, Anna Santos
Melhor direção de arte: Guaxuma, Nara Normande
Melhor trilha sonora: Guaxuma, Normand Roger
Melhor som: Conte isso àqueles que dizem que fomos derrotados, Nicolau Domingues
Melhor montagem: Plano Controle, Gabriel Martins e Luisa Lana
Menção honrosa de atriz coadjuvante: Mesmo com tanta agonia, Rillary Rihanna Guedes
Júri Popular
Melhor curta-metragem (Prêmio Técnico CiaRio/Naymar): Eu, minha mãe e Wallace
Prêmio Especial do Júri
Curta-metragem: Liberdade
Prêmio Abraccine
Melhor Filme Curta Metragem: Mesmo com tanta agonia
Melhor Filme Longa Metragem: Los Silencios
Prêmio Conterrâneos
O outro lado da memória, de André Luiz Oliveira
Prêmio Técnico DOT Cine – Longa-Metragem
Temporada
Prêmio Marco Antônio Guimarães
O outro lado da memória, de André Luiz Oliveira
Prêmio Saruê
Linn da Quebrada e Jup do Bairro, por Bixa Travesty
Prêmio Técnico Canal Curta!
Bixa Travesty
Prêmio Aquisição Canal Brasil - Melhor Filme Curta Metragem
Mesmo com tanta agonia
Prêmio Técnico CiaRio/Neymar
Eu, minha mãe e Wallace
Prêmio Técnico DOT Cine – Curta-Metragem
Conte isso àqueles que dizem que fomos derrotados
Prêmio Zózimo Bulbul
Prêmio Zózimo Bulbul – Fest Filme Fest Uni
Impermeável Pavio Curto
Prêmio Zózimo Bulbul – Melhor Filme Curta Metragem
Eu, Minha Mãe E Wallace
Prêmio Zózimo Bulbul – Melhor Filme Longa Metragem
Ilha
Mostra Brasília
Prêmios do Júri Oficial
Melhor longa-metragem (Prêmio CiaRio/Naymar): New Life S/A
Melhor curta-metragem (Prêmio Aquisição Prime Box Brasil): Entre Parentes
Melhor direção: André Luiz Oliveira (O outro lado da memória)
Melhor ator: Murilo Grossi (New Life S/A)
Melhor atriz: As presidiárias do filme Presos que Menstruam, representadas por Naiara Lira
Melhor roteiro: Para minha gata Mieze, Wesley Gondim
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