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O Festival de Brasília movimenta o cenário cinematográfico nacional durante todo o ano. Seus debates acalorados reverberam em toda próxima temporada, com desdobramentos que ecoam durante os festivais seguintes, e sua seleção sempre causa um burburinho a mais no mercado. Acompanhando o circuito de festivais, a influência das discussões que começam em Brasília vão além da necessidade; elas nascem naturais e já esperadas na expectativa dos próximos. Hoje, Brasília anunciou sua seleção 2018, a se realizar entre os próximos dias 14 e 23 de setembro.

Nunca é fácil precisar em torno do que girarão tais debates, mas ao olhar a seleção e perceber que tanto entre os longas quanto entre os curtas da competição teremos uma maioria de filmes dirigidos ou co-dirigidos por mulheres, pode ser visualizado um caminho de proposta aí. Espaço sempre bem-vindo pelo processo necessário de diversidade que o cinema procura e precisa, a seleção de Brasília bate de frente com a recém anunciada lista do festival de Veneza, com apenas uma diretora nos 20 longas; os 6 nomes em 9 longas demonstram como o festival está em busca de fazer um papel de naturalizar a diversidade, além da óbvia qualidade que pauta suas listas de escolhidos. 

A lista inclui apostas certeiras, como o documentário que sacudiu Berlim em fevereiro Bixa Travesty, de Claudia Priscilla e Kiko Goiffman, e o novo longa de André Novaes Oliveira, Temporada, já garantido em Locarno semana que vem. O novo longa de Ary Rosa e Glenda Nicacio também deu as caras, e espera-se que Ilha dê tanto o que falar quanto Café com Canela ano passado (que estreia mês que vem). Além deles também teremos o longa de Beatriz Seigner Los Silencios, que competiu em Cannes. Além da documentarista Susanna Lira que entrega seu novo filme, Gabriela Amaral Almeida passa por situação semelhante a Ary e Glenda, e vê seu A Sombra do Pai ser selecionado em meio ao lançamento de seu anterior Animal Cordial igualmente em agosto. 

Entre os curtas, destaque para o filme seguinte da diretora de Baronesa, Juliana Antunes (Plano Controle), o recém vencedor do Grande Prêmio Canal Brasil no Anima Mundi, Guaxuma de Nara Normande, e o novo filme de Fábio Leal, Reforma, que ano passado ganhou o prêmio ACCRJ de melhor filme no Curta Cinema com O Porteiro do Dia. 

A comissão de seleção foi escolhida pela direção artística do Festival, assinada por Eduardo Valente. Desta, quatro convidados foram responsáveis pela escolha dos nove longas que participam da Mostra Competitiva. Participaram da seleção a professora e pesquisadora Beatriz Furtado; a cineasta e coordenadora do FestUni Brasília Érika Bauer; o escritor e cineasta Erly Vieira Jr; e o crítico de cinema e curador Heitor Augusto. A seleção dos curtas ficou à cargo da professora e pesquisadora Amaranta Cesar; da pesquisadora e curadora Janaína Oliveira; do programador e editor Leonardo Bonfim; e da produtora e curadora Thay Limeira.

Os 21 filmes anunciados hoje foram selecionados a partir da inscrição de 742 prévios pelos curadores acima, e se juntarão aos longas de abertura e encerramento, além dos hors concours especiais, que serão revelados semana que vem, dia 8. O Festival de Brasília desse ano acontece em um mês e meio e mais uma vez colocará a capital do país no centro dos comentários mais relevantes acerca do nosso cinema. 

Abaixo, a lista completa de seleção. 

Bixa Travesty, de Claudia Priscilla e Kiko Goifman (SP), documentário

Bloqueio, de Quentin Delaroche e Victória Álvares (PE), documentário

Ilha, de Ary Rosa e Glenda Nicácio (BA), ficção

Los Silencios, de Beatriz Seigner (SP/Colômbia/França), ficção 

Luna, de Cris Azzi (MG), ficção

New Life S.A., de André Carvalheira (DF), ficção

A Sombra do Pai, de Gabriela Amaral Almeida (SP), ficção

Temporada, de André Novais Oliveira (MG), ficção

Torre Das Donzelas, de Susanna Lira (RJ), documentário

Aulas que Matei, de Amanda Devulsky e Pedro B. Garcia (DF), ficção

Boca de Loba, de Bárbara Cabeça (CE), ficção

Br3, de Bruno Ribeiro (RJ), ficção

Conte Isso Àqueles que Dizem que Fomos Derrotados, de Aiano Bemfica, Camila Bastos, Cristiano Araújo e Pedro Maia de Brito (PE/MG), documentário 

Eu, Minha Mãe e Wallace, de Irmãos Carvalho (SP/RJ), ficção

Guaxuma, de Nara Normande (PE), animação

Kairo, de Fabio Rodrigo (SP), ficção

Liberdade, de Pedro Nishi e Vinicius Silva (SP), documentário

Mesmo com Tanta Agonia, de Alice Andrade Drummond (SP), ficção

Plano Controle, de Juliana Antunes (MG), ficção

Reforma, de Fábio Leal (PE), ficção

Sempre Verei Cores no seu Cinza, de Anabela Roque (RJ), documentário