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Perfis

Foto de Richard Widmark

Richard Widmark

Idade
93 anos
Nascimento
26/12/1914
Falecimento
25/03/2008
País de nascimento
Estados Unidos
Local de nascimento
Sunrise, Minnesota

Para toda uma geração de cinéfilos, Richard Widmark foi um dos grandes heróis do cinema clássico de Hollywood.

Em 1947, nascia uma nova estrela de cinema: Richard Widmark. Do dia para a noite, aquele desconhecido ator, cuja carreira até ali se limitava a passagens pelo rádio e teatro, tornava-se uma celebridade na indústria de entretenimento mais poderosa do mundo. Logo na sua estréia, no papel de Tommy Udo, o vilão risonho e sociopata de O Beijo da Morte, de Henry Hathaway, Widmark estabeleceu-se como um dos mais importantes intérpretes americanos do pós-guerra, que não se intimidava em viver nas telas personagens de temperamento difícil, conflituosos ou corruptos, e que, quase sempre despertava a antipatia do público.

Richard Widmark nasceu no dia seguinte ao natal de 1914, no estado de Minnesota. Seu amor pelo cinema surgiu logo na adolescência. Era a época dos famosos filmes de terror da Universal, como Drácula e Frankenstein. Seu primeiro grande ídolo foi Boris Karloff.

Apesar do interesse pela sétima arte, Widmark nutria a idéia de seguir a carreira jurídica. No entanto, quando seu colégio anunciou a encenação da peça O Conselheiro (filmada anos depois por William Wyler), Widmark se candidatou e ganhou o papel. Na noite de abertura, percebeu que melhor que ser um advogado na vida real, era representar um. Tomou a decisão na hora: jogou a idéia da beca pra escanteio e partiu para a vida artística.

Em 1938, mudou-se para Nova York, onde começou a trabalhar em novelas de rádio. Foi dispensado de lutar pelos EUA na 2ª Guerra Mundial por problemas de audição. Estreou na Broadway em 1943 na peça Kiss and Tell. Continuou atuando nos palcos pelos anos seguintes, mas sempre em papéis leves, a anos-luz daqueles que viveria no cinema.

Logo após a guerra Widmark assinou um contrato de sete anos com a 20th Century Fox. Foi o chefão Darryl F. Zanuck que, ao ver seu teste para o personagem de Tommy Udo, bancou sua participação em O Beijo da Morte, contrariando até mesmo a opinião do diretor Hathaway (na época dos grandes estúdios os diretores eram vistos como meros funcionários, sem direito a qualquer opinião na escolha do elenco ou na montagem final). Mesmo num papel pequeno, Widmark roubou a cena, forçando o departamento de marketing da Fox a concentrar a publicidade do filme na sua figura e não no astro Victor Mature. Por sua interpretação, o ator recebeu aquela que seria sua primeira e única indicação ao Oscar e venceu o Globo de Ouro de revelação do ano.

Pelos três filmes seguintes (Rua Sem Nome, A Taverna do Caminho e Céu Amarelo), Widmark interpretaria variações do mesmo personagem. A Fox, então, cedeu as pressões do ator e lhe reservou um papel mais simpático em Capitães do Mar, de novo dirigido por Henry Hathaway. Widmark encerrava a década de 40 com cinco filmes no currículo e no auge da popularidade.

Os anos 50 começaram em alta. De cara, em 1950, Widmark foi escolhido pelo já prestigiado diretor Elia Kazan para viver o protagonista de Pânico nas Ruas. O ator interpretava o Chefe da Saúde Pública de Nova Orleans  que corre contra o tempo para encontrar as pessoas infectadas com o vírus de uma perigosa doença. Widmark estabelecia-se como um intérprete moldado para o gênero noir. No mesmo ano, ele estrelaria dois outros importantes trabalhos: Sombras do Mal, de Jules Dassin (refilmado em 1992, com Robert De Niro), e O Ódio é Cego, drama anti-racista, dirigido por Joseph L. Mankiewicz e que marcou a estréia de Sidney Poitier nos cinemas (dizem que, nos intervalos das filmagens, Widmark pedia desculpas a Poitier pela crueldade das palavras que seu personagem dizia ao negro vivido pelo colega).

Seguiram-se outros trabalhos de relevo: o cultuado Anjos do Mal, de Samuel Fuller; Almas Desesperadas, ao lado de Marilyn Monroe; o faroeste A Lança Partida, no qual Widmark dividiu o estrelato com Spencer Tracy, Robert Wagner e Jean Peters. Nesse último gênero, o ator estrelou ainda A Última Carroça, de Delmer Daves, e Minha Vontade é a Lei, de Edward Dmytryk.

Já desligado da Fox, Widmark fundou sua própria produtora, a Heath Productions. Nesta época, o ator conheceu dois de seus raros fracassos: o drama Santa Joana, de Otto Preminger, e O Álamo, de John Wayne.

Recuperou seu prestígio em 1961, com Julgamento em Nuremberg, de Stanley Kramer. Widmark interpretou o Coronel Tad Lawson, responsável por levar quatro nazistas para o banco dos réus acusados por crimes contra a humanidade cometidos durante o Holocausto. Ao seu lado, estrelas do porte de Spencer Tracy, Burt Lancaster, Montgomery Clift, Judy Garland e Maximilian Schell (que acabou levando o Oscar daquele ano).

Logo em seguida, Widmark trabalhou em dois filmes de John Ford em seqüência: Terra Bruta, em que o diretor revistava alguns dos temas já abordados em Rastros de Ódio, e Crepúsculo de uma Raça, espécie de pedido de desculpas de Ford aos índios americanos. Fechou os anos 60 com uma de suas interpretações mais elogiadas pela crítica, o amoral detetive Daniel Madigan, no policial Os Impiedosos, de Don Siegel, espécie de precursor da série Dirty Harry.

Ao longo dos anos 70, Widmark passou a ser visto basicamente em personagens coadjuvantes. Esteve em O Assassinato do Expresso do Oriente, de Sidney Lumet, O Último Brilho do Crepúsculo, de Robert Aldrich e As Pedras do Dominó, novamente com Stanley Kramer. Seu último trabalho para o cinema foi A Um Passo do Poder, dirigido por Herbert Ross em 1991.

Para toda uma geração de cinéfilos, Richard Widmark pode ser encarado como um dos grandes heróis da telona. Seja interpretando vilões, psicopatas, detetives, galãs, cowboys ou militares, sua personalidade transmitia um verdadeiro magnetismo à platéia. Era dele que o público lembrava ao sair do cinema (prova disso é que quase ninguém lembra quem era o ator principal de O Beijo da Morte).

Talvez por ter atuado em filmes que só passaram a ser valorizados a partir dos anos 60 (lembremos que os thrillers e os filmes noirs sempre foram tidos como produções de segunda linha, tanto pelos estúdios quanto pela própria crítica americana), seu talento não foi devidamente percebido na época. No entanto, ao contrário de um Bogart, por exemplo, que morreu antes de virar um mito, Widmark felizmente viveu o suficiente para ver sua figura transformar-se num objeto de merecido culto e reconhecimento.

Filmografia

Título Prêmios Ano Notas
1961
8,5
1974
6,7
7,3
Paixões Violentas
Ben Caxton
1984
Álamo, O
Jim Bowie
1960
5,9
Anjo do Mal
Skip McCoy
1953
7,7
Tormenta Sob os Mares
Capitão Adam Jones
1954
Sombras do Mal
Harry Fabian
1950
8,2
Almas Desesperadas
Jed Towers
1952
7,2
1971
7,7
Último Brilho do Crepúsculo, O
Gen. Martin MacKenzie
1977
1976
Ilha dos Ursos, A
Otto Gerran
1979
Páginas da Vida
Johnny Kernan
1952
Santa Joana
O Delfim, Carlos VII
1957
7,6
Duelo Na Cidade Fantasma
Clint Hollister
1958
Morte de um Pistoleiro
Marechal Frank Patch
1969
1954
1956
1977
Lança Partida, A
Ben Devereaux
1954
Coma
Dr. Harris
1978
1982
Ódio é Cego, O
Ray Biddle
1950
7,6
Take the High Ground!
Sargento Thorne Ryan
1953
A Um Passo do Poder
Senador James Stiles
1991
Paixões Sem Freios
Dr. Stewart 'Mac' McIver
1955
7,8
Desbravando o Oeste
Lije Evans
1967
Invasão dos Cães de Guerra, A
Secretário de Estado Arthur Currie
1982
Caso Bedford, O
Capitão Eric Finlander
1965
1964
Prisioneiros na Mongólia
Samuel T. McHale
1953
Capitães do Mar
imediato Dan Lunceford
1949
Rua Sem Nome, A
Alec Stiles
1948
Armadilha Sangrenta
Ralph Anderson
1959
Sacrifício Sem Glória
Glenn Stevenson
1964
Homens Rãs
tenente comandante John Lawrence
1951
Túnel do Amor, O
August 'Augie' Poole
1958
Com o Amor Nasceu o Ódio
Jefferson T. Robbins (Jefty)
1948
Última Carroça, A
Comanche Todd
1956
Minha Vontade é Lei
Johnny Gannon
1959
Impiedosos, Os
Detetive Daniel Madigan
1968
7,6
Pânico nas Ruas
Tenente Clinton 'Clint' Reed M.D.
1950
7,3
Crepúsculo de uma Raça
Capt. Thomas Archer
1964
7,9
Terra Bruta
Jim Gary
1961
7,9
1962
6,8
1948
7,6
1957
Beijo da Morte, O
Tommy Udo
Oscar (indicação)
Globo de Ouro (prêmio)
1947
7,9