Nem mesmo Grace Kelly ficou tão bem em vestidos de chiffon quanto Rita Hayworth. “Down to Earth” comprova essa minha deslumbrada análise. O filme conta a aventura terrena de Terpsícore a Deusa grega da dança o do canto, que muito indignada com a forma com que está sendo retratada em um musical da Broadway, resolve descer do Monte Parnaso a fim de que ela mesma realize o espetáculo. Temos neste filme uma Rita primorosa e encantadora, no auge de sua carreira, “Gilda” fora realizado um ano antes deste musical. Nada mais sensato do que Rita Hayworth para interpretar uma musa grega dona do maior diferencial que ela possuía. A dança. Musicais belíssimos realizado por ela junto a Fred Astaire são memoráveis e extremamente bem marcados e realizados, consequentemente inesquecíveis. “You'll Never Get Riche” e “You Were Never Lovelie” são de uma qualidade técnica maravilhosa.
O filme começa muito bem humorado, com os personagens de um outro filme: “Here Comes Mr. Jordan”. Mr Jordan (Claude Rains) e o anjo 7013 (Edward Everett Horton) por todo o filme trarão um humor e uma dinâmica bem legal. Eles são anjos que fazem o transporte de pessoas na morte e como Terpsícore precisa fazer o caminho inverso, ou seja, descer dos céus, eles a ajudarão nesse aspecto e em sua estada na Terra. O agente de Terpscícore na Terra, Max Corkle (James Gleason) também vem de mesmo filme anteriormente citado e igualmente trás um bom humor divertido a película. Passagens bem interessantes são apresentadas, como por exemplo, Terpscícore entrando no meio do número da atriz que a interpretaria num dos primeiros números de dança. Elas realizam o mesmo passo, mas é inevitável não se maravilhar com Rita e notar o diferencial que ela possui em comparação a “outra” Terpscícore. Numa espécie de “stand in”, notamos que quando Rita ocupa o seu lugar, na mesma posição, tudo parece iluminar-se, se completar e a imagem passa a parecer espetáculo. Assim sendo, o fascínio de Danny Miller por Terpsícore se torna facilmente compreensível, notável e louvável.
O filme em questão trás uma linha de pensamento bastante interessante e executada com muita propriedade: Arte X Entretenimento. Terpsícore desce à Terra por não aprovar a forma que sua vida está sendo retratada, por considerar vulgar e infiel. Mas na verdade o showbiz não quer saber da fidelidade de fatos utilizados ou a beleza clássica valorizada pela protagonista. O que deve ser gerado é o dinheiro! Energia motriz que gira a grande engrenagem do EUA, neste caso. Esse duelo é muito bem exposto quando vemos a primeira versão de uma das cenas musicais do musical de Danny Miller, com uma estética excessivamente rebuscada, com trilha dramática e movimentos fortes. Lembrou-me algo bem contemporâneo inclusive. E um pouco mais adiante, a cena a fim de entreter. Leve e solta, mas bem ao gosto da burguesia emergente da década de 40. Para Terpscícore a primeira versão é a ideal e para ela foi perfeita, mas o contexto que foi empregado não foi “perfeito”, visto que não gerou a arrecadação necessária para Miller. Em ambas as cenas o corpo de bailarinos são excelentes de fato, não havia visto nada igual.
O filme em sua reta final passa por algumas irregularidades, que deixa aquele fôlego interessante do começo cair um pouco. Além do mais, alguns números são tediosos, como o de Terpscícore e seus dois pretendentes. Outra negativa e o fato de não ser Rita quem cantou as músicas, fora dublada. Mas nem tudo está perdido, a reta final ainda revela um viés até então não apresentado sobe Miller. Muito bonito, o “final feliz” dos protagonistas, realizado com tanto zelo e delicadeza que não deixa o obvio se propagar. Recomendado pelo magnetismo e o carisma de Hayworth. De fato, não houve nenhuma mulher como Rita.
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