O filme é muito interessante. Não só pela forma como pelo conteúdo. Os personagens são pessoas pacatas que se reúnem um teatro de Nova Iorque para interpretar de uma forma bem peculiar a texto do russo Tchekhov, Tio Vanya. Tudo acontece meio rápido e quando percebemos a peça já está sendo encenada da forma mais natural possível.
O texto é interpretado com tanta competência dos atores, que o que poderia ser muito enfadonho e desinteressante se torna uma preciosidade. Em tempos de “Avatar” e redundância de 3D, o filme surge como a prova de que uma boa história, direção inspirada e comprometimento dos atores fazem com que o cinema aconteça com uma mágica muito especial. Não temos trilha sonora, roupas de época e muito menos referencias cênicas que nos remeta ao final do século XIX na Rússia rural. O que nos prende e nos apreende, são os conflitos das relações humanas tão destrinchadas na obra de Tchekhov.
Não sabemos nada sobre as pessoas que estão alí assumindo os personagens da encenação. Isso é muito engraçado, pois na verdade aquelas pessoas acabam sendo apenas o que vemos na peça teatral. Grande sacada de Louis Malle ao mostrar bem no comecinho os tipos peculiares de Nova Iorque, inserindo o que há por vir na pluralidade daquela grande cidade. Poderia ser qualquer um que estivesse a fim de se entregar a obra de Tchekhov ou assistir aquela peça como os poucos personagns espectadores.
Não podemos deixar de falar da qualidade de direção de Louis Malle e na sua inteligência em imprimir na obra cuidado e criatividade. O fato de não ter seguido a nouvelle vague, não significa que seja menor. Atenção também para a Julianne Moore sempre primorosa em cena, chover no molhado dizer que é uma das melhores (se não a melhor) atriz americana da atualidade.
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