Irregular em muitos momentos, principalmente por causa do CGI e de algumas atuações pífias. O que grande prevalece aqui é a fantástica história de Oz.
A obra de L. Frank Baum já havia ganhado uma adaptação para o cinema em 1910 e outra em 1925, porém, estes eram filmes menores. Foi o trabalho de Victor Fleming, no final da década de 1930, que ficou eternizado na memória de muitas pessoas. Após 74 anos de seu lançamento, um dos maiores clássicos do cinema, "O Mágico de Oz" [The Wizard of Oz, 1939], ganha um prelúdio que conta a história de como o tal mágico foi parar naquele universo encantado. Esquecendo os números musicais e os personagens clássicos (Dorothy, Totó, Espantalho, Homem de Lata e Leão covarde) "Oz: Mágico e Poderoso" [Oz: The Great and Powerful, 2013] é outro ponto de vista da obra, menos mágico e – acredite - mais infantil que o filme de 1939.
Partindo dessa premissa, o filme começa com fotografia preta e branca, homenageando o clássico e mostrando Oscar Diggs como um fajuto e conquistador mágico de circo, no meio da velha terra do Kansas. Com seus truques de mágica e sua boa lábia para enganar mulheres, Oscar sonha em se tornar um Houdini ou um Thomas Edison, enfim, realizar algo grandioso para se tornar alguém importante. Essa parte inicial do filme, que mostra a “vida real”, Oscar está insatisfeito com a vida que ganha mesmo sabendo da habilidade que tem, e é em Oz que ele encontrará o que procura.
Quando o mágico entra no mundo encantado, o filme começa a sofrer com suas irregularidades pelo cenário carregado de efeitos visuais e de personagens computadorizados, problema que acontece em outro filme dos mesmos produtores deste Oz, "Alice no País das Maravilhas" [Alice in Wonderland, 2010], de Tim Burton. Aliás, "Oz: Mágico e Poderoso" inicia-se parecendo com outro trabalho de Burton, "A Fantástica Fábrica de Chocolate" [Charlie and the Chocolate Factory, 2005], com uma trilha sonora de abertura bastante semelhante, feita pelo o mesmo compositor de "A Fantástica Fábrica", Danny Elfman. Os recursos visuais não chegam a prejudicar o filme na mesma proporção que aconteceu em Alice, já que o filme depende exatamente disso. Ora, se o filme de 1939, hoje em dia, é criticado por ser datado demais, realizado numa época em que esses recursos não se aproximavam do que era exigido pela obra, restaria ao filme de Sam Raimi, feito em pleno século XXI - em que o 3D vem sendo exageradamente usado -, não se preocupar em realizar cenários belíssimos. O problema é que, no futuro, "Oz: Mágico e Poderoso" sofrerá do mesmo problema que o outro filme: ficará datado, pois ao assisti-lo percebe-se claramente os erros de continuidade e de direção.
Deixando os problemas técnicos à parte, ainda há algo no filme que faz valer a sessão: A história do Mágico de Oz acaba funcionando como prelúdio. Como dito anteriormente, Oscar encontrará em Oz tudo o que ele procura para ser um grande homem ou um grande mágico. Se na vida real ele não consegue curar uma garotinha com deficiência física, na terra encantada ele poderá fazer com que uma bonequinha de porcelana consiga voltar a andar, usando uma simples cola, a qual ele diz ser mágica. Oscar, quando está em Oz, não passa daquele fajuto mágico de circo enganador do Kansas, mas a população daquele lugar, que é nada menos do que mágica (bruxas, fadas, bonecas falantes, macacos com asas), acredita que ele é o tal poderoso mágico apenas por usar seus velhos truques falsos. Irônico não?
Sim, tirando todos os problemas visuais, há algo em Oz vale o ingresso. No final das contas, é mais um produto de Hollywood que serve para dar lucro aos estúdios (no caso, a Disney) e apresenta situações constrangedoras que fazem lembrar aos filmes infantis da Xuxa. Basta perceber os atores diante aqueles cenários falsos, usando figurino de bruxa, de fada, alguns com prótese de barba, outros carregados de uma maquiagem amadora, além de soltarem lágrimas forçadas, para dar-se conta que essa comparação não é um exagero.
O original não se desoriginaliza, mas pelo menos eu acreditava que Sam Raime conseguiria fazer uma obra respeitosa, mero engano, o filme é tão "mágico" que acaba perdendo a magia, é de sentir vergonha alheia em ver que no século XXI sejamos apresentados a filmes tão mal feitos digitalmente, tudo muito fake, e ainda é arriscado ganhar Oscar de melhor efeitos especiais, ecA! Trabalho porco o dessa equipe de OZ, sou mais o fio de náilon segurando o rabo do leão em 1939...
Concordo que o filme não tem magia nenhuma, mas isso, necessariamente, não o torna ruim. Os efeitos visuais não são ruins, já o desenho de produção sim, é um problema sua descarada falsidade.