O principal motivo da existência de “O Último Desafio” (The Last Stand, 2013) é promover a volta Arnold Schwarzenegger como protagonista de filmes de ação. Está certo que o ator participou das duas edições de “Os Mercenários”, que reuniu os grandes astros do cinema de ação da década de 80 e 90, sendo que, no último filme lançado ano passado, ele teve uma participação maior e mais interessante. Entretanto, Arnold ainda não havia voltado a protagonizar nenhum filme desde “O Exterminador do Futuro 3 – A Rebelião das Máquinas”, quando, logo em seguida, iniciou sua carreira política nos Estados Unidos. Com o fim do mandato de governador em 2010, começaram a surgir rumores sobre sua possível volta ao cinema. Eis, então, que surge o filme de ação do qual estou comentando aqui, “O Último Desafio” pode até não ter sido escrito diretamente para Schwarzenegger, mas o papel cabe perfeitamente para ele. Seu personagem é Ray Owens, um velho xerife de uma cidade pacata no meio do Texas. Aparentemente, linha dura e casca grossa, Ray vive nessa cidade quase vazia sem defrontar com muita adrenalina e emoção, seus dias de aventura acabaram e ele está ali apenas pra ter sossego e manter o controle na cidade, com a ajuda de seus policiais.
A história começa a se movimentar quando, na cidade de Las Vegas, um perigoso traficante de drogas foge do FBI e da equipe da SWAT, durante sua transição para outra prisão, e, logo em seguida, planeja sua fuga para o México, mas terá que passar na cidade do velho xerife para poder atravessar a fronteira. É obvio que o traficante vai dar de encontro com Ray e, a partir de então, os dois terão um confronto. Todo esse enredo é bastante simples, portanto, o que pode se esperar de um filme como este é que ele traga uma boa dose de diversão, com cenas de ação que entretenham e convençam. No entanto, o que vemos na tela é algo nada menos do que convencional, que já foi mostrado em vários outros filmes de Hollywood: perseguição com helicópteros, fuga para o México, polícia corrupta, tiros que nunca acertam o alvo etc.
Esse é o primeiro motivo para acreditar que o filme foi realizado na intenção de exaltar Schwarzenegger. Ora, se a história já não é tão original, resta ao protagonista carregar a obra nas costas assumindo o papel daquele que se garante no que faz. O outro motivo é o próprio elenco de coadjuvantes formado por atores que participaram de filmes pequenos, com exceção de Forrest Whitaker, fazendo o papel do agente do FBI, John Bannister. Para nós brasileiros, o ator Rodrigo Santoro faz sua participação no filme como ajudante do xerife e o par romântico da policial Sarah Torrance. Ainda temos Johnny Knoxville tentando fazer alguma graça para o público, sem muito sucesso (comigo, pelo menos, não funcionou).
A direção fica por conta do coreano Jee-woon Kim, que, ao que parece, faz o seu primeiro filme nas terras estadunidenses. Seu trabalho como diretor aqui não é nada mais do que competente, as cenas de perseguição e de tiroteio não apresentam excessivos cortes e acabam divertindo o público, afinal das contas. O problema é que o diretor não soube ousar, e toda a ação que vemos no filme parece repetitiva. O que eu estava esperando para ver em “O Último Desafio” acabou sendo guardado para o final: Schwarzenegger segurando sua arma e saindo atirando em todo mundo, algumas frases de efeito, perseguição de carros competente e pequenas doses de pancadaria. Tudo o que o velho e bom cinema de ação “oitentista” conseguia fazer.
São os últimos 20 minutos que salvam “O Último Desafio” de ser um filme fraco. A sequência do tiroteio, a perseguição de carros no milharal e o duelo final garantem a grande diversão que comentei anteriormente. E se a proposta era mesmo marcar o retorno de Schwarzenegger aos “action movies”, então, eu diria que ela foi realizada com um relativo sucesso. O astro está lá, mantendo seu carisma de sempre, divertindo o público com suas tiradas e com sua força, mesmo estando em um filme pequeno.
Comentários (0)
Faça login para comentar.
Responder Comentário