Em 2003, Las Von Trier nos trouxe uma obra-prima, um filme muito diferente daquilo que estamos acostumados a assistir, um filme complexo em alguns pontos, e que, ao mesmo tempo que possui milhares de admiradores, também, possui pessoas que o destratam descaradamente. Dogville é inteligente, inusitado e instigante. Com muita honra, farei meu primeiro digno comentário, homenageando este maravilhoso filme.
Dogville faz referência ao movimento artístico Dogma 95, movimento cinematográfico inicado pelo diretor Las Von Trier. Uma atitude ousada, pois o manifesto impõe algumas regras radicais, como por ex: ausência de trilha sonora, edição de vídeo, iluminação especial, truques fotográficos, filtros, deslocamentos temporais ou geográficos e etc. Este foi implantado com o objetivo de fazer cinema de uma forma menos comercial e mais realista.
O filme se inicia mostrando um pouco do cotidiano da cidade de Dogville, uma pequena cidade com poucos moradores, cercada por um “nada” repleto de montanhas. Cada morador tem sua personalidade marcante e seus afazeres. Até que a situação do local muda repentinamente com a chegada de Grace (Nicole Kidman, comprovando que beleza, talento e competência podem andar juntos.), que está fugindo desesperadamente de gângsters. Dogville acolhe , aparentemente, a ingênua moça. Em meio a isso, o filme se desenrola em 9 capítulos.
A parte técnica do filme é primordial, a produção é simples e empolgante. O roteiro é repleto de diálogos inteligentes, guiando tudo de uma forma muito interessante e incitante. John Hurt faz a narração , eu pessoalmente não gosto de narrações, mas tudo foi muito bem elaborado, conseguindo um resultado excelente. No filme, vemos diversas atuações fantásticas, todo o elenco se destacou e cumpriu seu dever, Kidman e Bettany surpreenderam.
Muitos insistem na ideia de que Dogville, faz uma crítica aos EUA, também, porém não creio que a crítica – pesada por sinal – seja direcionada somente à isso, mas sim , para toda a sociedade. O filme mostra a mudança comportamental dos personagens, todos crescem de uma forma impressionante, conseguindo arrancar sentimentos de quem vê.
A arrogância, mesquinharia e hipocrisia da sociedade transborda pelo filme, e é muito criticada, de maneira a nos fazer pensar sobre nós mesmos.
Dogville responde nossos “desejos” com um final chocante – julgado como antiético por alguns -, mas necessário para expor a situação depreciativa do homem , juntamente com a sua condição vingativa e pútrida. Las Von Trier será lembrado para sempre, não só por Dogville, mas por outras obras-primas; odiadas por vários, porém adoradas e exaltadas por muitos.
"If there is any town in this world
would be better without, this is it."
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