https://artedapipoca.wordpress.com/2019/06/06/rocketman-critica/
Conhecendo o modus operandi de Hollywood é bem provável que o sucesso de Bohemian Rhapsody acarrete em diversas cinebiografias sobre grandes nomes do ramo da música durante os próximos anos. Rocketman é o primeiro longa do tipo a sair depois dos mais de 700 milhões arrecadados em bilheteria pelo filme sobre o Queen, porém vale ressaltar que independente do sucesso ou não de Bohemian esse projeto acabaria nos cinemas, já que estamos falando de poucos meses de diferença entre o lançamento de um e outro. Apesar de ambos serem cinebiografias sobre grandes nomes da música, o longa sobre a história de Elton John chega com uma interessante e diferente proposta em relação ao seu “antecessor”, mas que acaba derrapando em um roteiro um tanto quanto superficial.
Rocketman conta a história do prodígio musical Reginald Dwight e sua “transformação” em Elton John, passando pela sua rápida ascensão a fama, suas relações pessoais e seus problemas com drogas e bebida.
Talvez os espectadores fiquem surpresos nos primeiro minutos do longa, já que o material de divulgação não deixava isso claro, ao perceber que estão diante um verdadeiro musical, ou seja, as musicas não são cantadas apenas em shows ou no estúdio de gravação, e sim por diversos personagens e em diferentes situações. Esse elemento dá um positivo fator de frescor ao filme e gera ótimas cenas, que dificilmente se fossem mostrados da forma usual, como em um show, teriam o mesmo impacto, destas cenas vale ressaltar uma no começo que lembra um tanto o estilo de Grease: Nos Tempos da Brilhantina e outra, em que é tocada a canção que dá nome ao longa, e que apresenta um interessante lado metafórico.
Essas sequencias musicais, na maior parte coloridas, aqui valendo destacar o trabalho de fotografia no que diz respeito a utilização das luzes, grandiosas e com alguns toques fantasiosos, são muito bem conduzidas, além de inseridas de forma orgânica, e são o ponto do alto do trabalho do diretor Dexter Fletcher, que sabe muito bem dar o ritmo enérgico e vibrante que um filme sobre Elton John pede. Ainda que derrape em uma ou outra cena dramática trata-se de um bom trabalho do diretor.
Outro ponto forte do filme é a atuação de seu protagonista, Taron Egerton entrega a melhor atuação de sua carreira interpretando Elton John. As diversas facetas do cantor são muito bem representadas pelo ator que também impressiona pela qualidade vocal nos números musicais, e pela transformação física para ficar semelhante a Elton.
Da parte técnica do longa vale ressaltar que os extravagantes e chamativos figurinos utilizados por Elton John em seus shows estão presentes e muito bem representados aqui, ponto para os figurinistas. A direção de arte também merece destaque ao construir uma convincente Londres do anos 70, que tem seu maior destaque na primeira hora do filme.
O roteiro de Rocketman tem seu ponto positivo no que diz respeito ao desenvolvimento de seu protagonista, suas diversas facetas em diferentes épocas de sua vida são bem trabalhadas aqui. Porém no que diz respeito ao resto o texto do longa é bastante superficial.
Empresário inescrupuloso, pais rigorosos e desmotivadores, dono de gravadora babaca, todos esses papeis para lá de clichês em filmes sobre grandes nomes da música estão presentes aqui, gerando personagens unidimensionais e maçantes. E para piorar todos os personagens coadjuvantes parecem sofrer disso, fazendo com que o próprio desenvolvimento da relação do protagonista com eles acabe por ser prejudicado. Esse trabalho ruim do texto do filme em relação aos personagens secundários prejudica também o elenco de apoio que apesar dos bons nomes pouco consegue agregar devido a esse problema, a exceção indo para Jamie Bell que interpretando o compositor Bernie Taupin consegue ainda sim fazer um bom trabalho.
Abordar um período muito extenso sobre a vida de alguém em um filme provavelmente vai fazer com que alguns momentos acabem por ser abordados de forma superficial e isso também acontece aqui, trata-se de um problema comum em cinebiografias. As vezes menos é mais, e essa máxima seria útil aqui, tratar sobre um período menor da vida de Elton provavelmente faria que com algumas passagens não fossem tão apressadas ou superficiais.
Ainda que conte com um roteiro que deixe muito a desejar, Rocketman é uma história conduzida de forma enérgica, empolgante, colorida e com alguns elementos criativos que irão surpreender o espectador. Com basicamente todos os fatores que um filme sobre Sir Elton John pede, trata-se de um trabalho que dificilmente irá desapontar os fãs do cantor.
NOTA: 7.3
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