O início, o fim e o meio.
"O homem é apenas um caniço, o mais fraco da natureza; mas é um caniço pensante. Não é preciso que o Universo inteiro se arme para esmagá-lo: um vapor, uma gota de água são suficientes para matá-lo. Mas, mesmo que o Universo o esmagasse, o homem seria ainda mais nobre do que aquilo que o mata, porque ele sabe que morre e conhece a vantagem do Universo sobre ele; mas disso o Universo nada sabe. Toda nossa dignidade consiste, pois, no pensamento. É a partir dele que nos devemos elevar e não do espaço e do tempo, que não saberíamos ocupar".
Blaise Pascal.
A Árvore da Vida é um obra extremamente ambiciosa que busca não só mostrar a origem do universo e da vida na Terra, mas (o mais importante) problematizar, através das relações familiares, questões que levem a expor todas as nuances da natureza humana.
A partir dos devaneios do personagem Jack (Sean Penn), vários momentos da sua relação com a família é exposta de forma “caótica” devido a utilização em demasia de vários cortes rápidos. Também é utilizado com freqüência o contra-plongée (procurar o céu, o divino) e o travelling (buscar o caminho, a viagem).
Sem dúvida, a parte “Discovery Chanel” é a mais cansativa. Por mais que as imagens sejam espetaculares – com algumas narrações em off dos personagens, elas por si só pouco sustentam o interesse no filme.
O filme ganha em profundidade realmente quando aborda de forma mais incisiva a família. Todas as divergências e diferenças de personalidades entre os entes familiares fazem aflorar com toda força a proposta do filme: a relação conflituosa (e necessária) entre a natureza - cruel e egoísta e a graça - compaixão e benevolência. Deste embate, mostrado nos arquétipos do pai (natureza) e da mãe (graça), Malick mostra suas conseqüências justamente no personagem Jack quando criança, e também discute temas como vida/morte, amor/ódio.
Brad Pitt é apenas correto no papel do pai opressor. Sean Penn pouco aparece na película. Já Jéssica Chastain consegue mostrar todas as convicções da personagem de forma apaixonante e angelical. Hunter McCracken também brilha como o primogênito angustiado do casal. A trilha sonora pomposa tem seus grandes momentos, mesmo flertando algumas vezes com a breguice.
O risco de Mallick de fracassar na proposta era muito grande. As falhas existem, mas a experiência é extremamente válida. Por várias seqüências é inevitável não ser tocado pelos dramas existenciais dos personagens e a beleza da natureza.
Poucos filmes conseguem ao mesmo tempo causar estranhamento e encantamento, dúvidas e certezas, cansaço e prazer. Não é um filme perfeito, mas é um filme marcante.
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