Após o fraco "Rios Vermelhos" e dos fraquíssimos "Na Companhia do Medo" e "Missão Babilônia" dez anos atrás, coloquei o nome de Mathieu Kassovitz na minha lista negra e esqueci sua existência como diretor.
Recentemente topei com seu nome novamente. Coberto de incertezas, decidi esquecer (pelo menos pelos próximos 98 min) todas as outras vezes que fiquei desapontado com o trabalho do diretor. Quando o filme começou, um preto e branco contrastante me sugou para os subúrbios de uma cidade francesa. Lá, acompanhei a vida isolada de um grupo de amigos sem perspectiva de melhoria de vida, sem motivação para conseguir um emprego, sem interesse em constituir uma família, apenas a revolta contra o sistema e tudo o que nele há. "Eu quero matar um policial", talvez esse seja o único pensamento longínquo que temos dentro desse grupo.
Há momentos de La Haine que a câmera de Mathieu abandona os personagens centrais e procura os arredores do subúrbio. É nessas cenas que me encantei com esse ambiente desolado. São coisas triviais, como um DJ em seu apartamento que parece ter os pedestres e vizinhos como público, ou no alto de um prédio, comendo pão com linguiça, amigos interagem de forma descontraída. Sentimos alguma tensão, são as sequelas da noite anterior , onde um motim aconteceu, e vários deles estavam lá, ou tiveram sua vida afetada de alguma forma por este evento. Em um encontro casual, outra sequência alheia: "Breakdance". Até aquele momento, já tínhamos assistido a uma imitação de De Niro em Taxi Driver por um dos personagens (Vinz) e muitas outras influências da América já haviam aparecido. Herdeiros da cultura americana e, junto com isso, herdeiros do ódio pregado. É engraçado como os personagens principais tiveram seus nomes praticamente mantidos em relação aos atores: Vincent Cassel é "Vinz", Hubert Koundé é "Hubert" e Saïd Taghmaoui é "Saïd". É o suficiente para nos mostrar como qualquer um poderia ter feito parte daquele subúrbio, e ter sido afeto por ele, vivendo sem esperança de uma vida melhor.
Entre todos os momentos de perigo que acompanhamos, é no primeiro momento de paz que sentimos aflição.
Para onde eles estavam indo? Qual é o propósito? A queda já estava armada. Há um diálogo em que Hubert diz à mãe: "Preciso sair daqui". Neste ponto, sabemos que Hubert está ciente dos perigos que o ambiente está causando, o perigo que seus amigos estão trazendo. Ele foi o único que não se consolou durante o declínio.
Comentários (0)
Faça login para comentar.
Responder Comentário