Riley é uma garota de 11 anos como outra qualquer de sua idade, que junto de seus pais, um simpático e típico casal americano, acaba se mudando de Minnesota para San Francisco. Somos apresentados a protagonista ainda bebê, momento em que surgem os personagens: Alegria, Tristeza, Medo, Raiva e Nojinho, responsáveis por "comandar" através de uma Enterprise mental avançada todo e qualquer tipo de ação e comportamento que cercam aquela menininha durante toda sua vida.
A troca de cidade, amizades, escola e todos os impactos causados por tantas mudanças e perdas é o gancho ideal para o roteiro atingir em cheio crianças e adultos, uma vez que enquanto se mostra repleto de personagens carismáticos e chamativos o filme por vezes nos faz pensar também em questões inerentes a nossa existência, como a importância das dificuldades e frustrações para o crescimento e êxito pessoal ou mesmo lembranças distantes que vão se desbotando até sumirem - a sutileza do roteiro lidando com tais temas é nada menos que notável.
Se o ponto alto de Divertida Mente é oferecer uma reflexão acerca das decisões que tomamos no nosso dia a dia ou durante nossa vida sem abandonar seu lado cômico e extremamente criativo, a jornada de Alegria e Tristeza fora do centro de comando de Riley acaba sendo o ponto fraco da trama. Ainda que saibamos como tudo iria terminar o 2º ato por vezes se torna excessivamente longo, principalmente porque os melhores momentos do filme ocorrem quando todos os personagens mentais interagem diante de uma determinada situação - corriqueira ou não - onde tentavam, muitas vezes em meio a gritos e tapas, assumir o controle de acordo com a natureza do momento, como ocorreu na cena do jantar entre Riley e seus pais; o que arrancava sorriso fácil na sessão e que durante uma boa parte do filme foi deixado de lado.
Divertida Mente faz pensar e entretém de maneira homogênea com momentos e gags absurdamente criativas - o jingle chiclete que sempre tocava e que fazia a Raiva soltar chamas de fúria, literalmente, e a fábrica de sonhos com roteiro adaptado aos fatos importantes do dia, com direção, elenco e filtro de realidade para se criar um sonho ou pesadelo coerentes foram hilários, principalmente se pensarmos que tudo era analisado de forma criteriosa pelo Medo, que era o único que não dormia, óbvio. Saí do cinema com a Alegria no comando, sem dúvida.
Bela crítica.