O maior clássico do gênero do suspense de todos os tempos. Este título, como não podia deixar de ser, refere-se à obra-prima de Alfred Hitchcock, o renomado diretor que revolucionou o gênero do suspense. Psicose, de 1960, é um dos grandes filmes da história do Cinema, clássico indiscutível, que tornou-se um ícone de várias gerações e consegue, efetivamente, sobreviver ao tempo e eternizar seu nome na história, mesmo com todas as limitações que a época imputava aos filmes de então. Além disto, o filme nos apresentou um dos personagens mais enigmáticos e marcantes já criados até então, o tenebroso Norman Bates.
A película retrata a história de Marion, uma mulher que possui um emprego em uma imobiliária e deseja-se casar. De repente, eis que surge uma oportunidade: seu chefe confia-lhe o dever de realizar o depósito bancário de uma alta quantia em dinheiro. Marion, esperta, não pensa duas vezes e foge com toda a grana. Eis que, não restando outra escolha devido ao clima chuvoso e com pouca visibilidade, Marion é obrigada a parar em um hotel de beira de estrada. E é a partir deste momento que estranhos acontecimentos passam a ocorrer dando início a um dos suspenses psicológicos mais tensos de todo o Cinema.
O filme apresenta, como o próprio nome sugere, um caso de psicose que sustenta-se na relação entre a criança e a pessoa que exerce a função materna, realizada, no caso em voga, pela mãe. O filme, deste modo, apoia-se nesta relação que gera um ciúme doentio, mostrado na forma com que a mãe, Norma Bates, reage cada vez que Norman parece se interessar por uma mulher. Uma perfeita análise da mente e dos comportamentos humanos. Este caso de estrutura psicótica, aliado ao suspense arrebatador, transforma o filme na obra-prima da filmografia de Alfred Hitchcock.
A conhecida cena de Marion sendo esfaqueada no banheiro é inesquecível e uma das mais marcantes já realizadas na história. Marion é assassinada por alguém que aparenta ser uma misteriosa senhora de idade, aumentando, ainda mais, o clima de suspense no ar. A instigante trilha sonora com violinos deixa o clima mais tenso e consolida um suspense único. Aliás, o filme foi rodado em preto e branco, por ordem de Hitchcock, para não deixar o filme ainda mais impactante do que já era, devido ao excesso de sangue que seria exibido na cena do banheiro (que, na realidade, foi usada calda de chocolate). Um grande contraste com toda a fobia que o filme proporciona. Cumpre lembrar que, nunca antes na história do Cinema, o protagonista de um filme tinha sido morto antes da metade da película. Ocorre, desta maneira, a inversão de protagonistas: o fosso sai de Marion e recai sobre o dono do hotel, Norman Bates. Apenas um mestre do suspense como Hitchcock e com total domínio sobre o roteiro e a técnica narrativa para fazer algo tão ousado assim.
Gus van Sant, diretor de filmes conhecidos como Gênio Indomável e Milk, realizou um remake do filme em 1998. No entanto, o resultado final foi desastroso. Além de conceber o filme em cores, ao contrário da película original (e assim perdendo toda a sua identidade), a versão de Gust van Sant exterminou com qualquer tipo tensão psicológica criada por Hitchcock. A recente versão, além de todo o exposto, praticamente foi concebida como uma cópia barata, pois os planos utilizados em todo o filme eram idênticos ao longa-metragem original. Definitivamente não dá para tentar copiar na íntegra Hitchcock. Os deuses do Cinema não permitem. Cumpre ressaltar que cópia é diferente de influência, como se tem por evidente. Percebemos nitidamente a influência do mestre do suspense na obra de um dos seus maiores pupilos, Brian de Palma, diretor de clássicos como Scarface e Dublê de Corpo.
A parte de todas as referidas qualidades, o filme, do ponto de vista técnico, não é perfeito. As cenas de assassinato, em certos momentos, vistas hoje em dia, parecem amadoras, pois suas qualidades são datadas e, portanto, limitadas. A cena final, nesta vereda, talvez seja auto-explicativa demais. No entanto, alheio a estes pequenos detalhes (o filme é inovador), Psicose, sem sombra de dúvidas, é um dos maiores filmes de todos os tempos. Com um orçamento muito baixo para a época (800.000 mil dólares), o filme transformou-se num sucesso absoluto, rendendo mais de 40 milhões de dólares e resultando na maior referência do suspense em toda a história do Cinema. Com efeito, o maior mérito do filme talvez seja que ele não sustenta-se apenas em uma história de suspense, mas, também, apoia-se num perfeito estudo da psique humana. Talvez apenas O Iluminado (1980), de Stanley Kubrick e O Silêncio do Lago (1988), de George Sluizer, tenham conseguido atingir um nível sufocante próximo ao que Psicose adquiriu com sua trama densa e psicológica. Um filme que tornou-se um ícone e revolucionou para sempre o modo de se fazer suspense. Uma das muitas demonstrações de genialidade da carreira de Hithcock. Fantástico.
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