Lupas (317)
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A estrutura circular trazendo à superfície a podridão moral de um lugarejo atormentado por um lastro de assassinatos cujo efeito é multiplicar o desejo de culpar um outro. Há ainda o bônus de que Clouzot consegue tornar cada vida singularmente triste.
Felipe Leal | Em 14 de Julho de 2018. -
Então por que (AINDA!) cantamos?
Felipe Leal | Em 14 de Julho de 2018. -
Qualquer palavra sobre o filme fica logo suplantada pela nobreza de ação do governo francês: transformá-lo num tesouro nacional. E é isto mesmo: o ato criativo captado vivo, quase exclusivamente primando pela invisibilidade do gênio. A Arte está toda ali.
Felipe Leal | Em 26 de Junho de 2018. -
Decerto há outros elementos, mas seria necessário todo um profundo estudo sobre como Carax deteve a ficção científica basicamente com uma câmera em closes e cores, sendo o resto um belo produto musical-pop/melodramático embriagado de cinema americano.
Felipe Leal | Em 26 de Junho de 2018. -
"Se está escrito ou pensado, pode ser filmado", disse Kubrick, não disse? E trocentas vezes a lenda do Fausto e seu demônio foi refeita. Mas nada como aqui. Aliás, não há nada como Reichenbach em todo o cinema mundial.
Felipe Leal | Em 22 de Maio de 2018. -
Não só uma das melhores comédias americanas nos termos da escrita e articulação, é também o triunfo particular, especialmente, de Gavazza e Ritter. Este último só entrega cenas icônicas, "outta the park"; o primeiro, algumas das mais sensuais e tristes.
Felipe Leal | Em 22 de Maio de 2018. -
Penso que secretamente Kurosawa reconhece a própria genialidade: o que é brincar, numa só tacada, ao mesmo tempo leve e explicitamente, com os gêneros mais populares do cinema e ainda persistir, apaixonado em mutações, sobre uma busca humana essencial?
Felipe Leal | Em 08 de Maio de 2018. -
O final não tão é lacunar quanto parece: é o gozo tranquilo do vilão mais imperioso em muito tempo. Incomodam mesmo a necessidade de entupir os filmes com cada vez mais heróis e subplots e essa novíssima comédia retardada americana.
Felipe Leal | Em 08 de Maio de 2018. -
Um Claire Denis menor? Ora, é a mesma embriagada de Vendredi Soir. Serão precisas quantas mais obras e em quantos circuitos da arte para que reconheçamos nossa raíz melodramática e brega? Que trabalho majestoso de elipses dançando ao sabor de Binoche.
Felipe Leal | Em 08 de Maio de 2018. -
Para Bressane, como o foi para Borges, a performance é tanto uma captura de infinitos tentáculos no Tempo como uma possibilidade de inventar a si, de se perpetuar vivo, dar sentido - aqui, ao próprio cinema, jogo de luz, movimento, corpo e palavra.
Felipe Leal | Em 28 de Abril de 2018. -
Que fique guardada na linha do cinema brasileiro esta autobiografia à la Histoire(s) du Cinéma(s). Bressane é o único capaz de investir na própria história a partir da trajetória cinematográfica, fazendo SEUS recortes, a partir de cenas ESPECÍFICAS.
Felipe Leal | Em 28 de Abril de 2018. -
Não bastassem as réplicas anódinas de Haneke, Nicolas W. Refn é modulado, aqui, numa trama que apenas se utiliza plenamente da ação castrada de sua amostragem total, mas tão estilizada quanto as do dinamarquês; artifício puro, "brutalidade" encapuzada.
Felipe Leal | Em 17 de Abril de 2018.