Lupas (1775)
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Nolan ou não tem confiança no intelecto do seu público ou simplesmente não tem confiança na própria imagem. O que se sobressai em Opphenheimer é trilha ininterrupta e invasiva ou falatório interminável narrando exatamente aquilo que a imagem sozinha dá conta de passar. A imagem não passa de recurso secundário de suporte para texto e trilha. É tão técnico, calculado, matemático, que não sobra qualquer vestígio de emoção - tanto que a cena de sexo transmite tudo, menos calor humano. Elenco ótimo.
Heitor Romero | Em 15 de Agosto de 2023. -
Halle Bailey é o ponto positivo. De resto, não tem como dar certo por ser um erro de conceito. Não dá para trazer para live action uma história pensada como animação, que só decola graças ao formato de uma animação. O resultado é de animais falantes bizarros, fotografia muito escura, adições chatas para explicar coisas que são intuitivas quando num desenho e uma apatia geral que nada honra as cores vibrantes e narrativa emocionante do filme de 1989.
Heitor Romero | Em 05 de Junho de 2023. -
Quando um filme se propõe a brincar com multiversos, misturar estilos, referências, linguagens, é fácil usar o pretexto da bagunça intencional para justificar o simples desleixo de um conjunto caótico apenas por ser. Os diretores (ou tiktokers?) apenas se escondem atrás dos próprios artifícios e se blindam de qualquer crítica com a cartada do "mas isso é intencional". Seria mais digno se apenas abraçasse a homenagem ao cinema asiático de gênero, mas no fim é somente um trabalho de mal gosto.
Heitor Romero | Em 15 de Março de 2023. -
Funciona descompromissado e envolvente enquanto filme de gênero, mas também enquanto crítica social à marginalização e esquecimento da figura do negro na história e no próprio cinema, bem como demonstra o amadurecimento de Peele no procurado balanço entre um filme para divertir e um filme para incomodar e se fazer pensar e refletir. Se nos longas anteriores o diretor se perdeu lá pelas tantas nos discursos e na verborragia expositiva e pouco orgânica, aqui alcançou um belo ponto de equilíbrio.
Heitor Romero | Em 23 de Setembro de 2022. -
Me lembrou muito a lógica narrativa de uma comédia maluca, em que as situações se sucedem sem necessariamente contribuírem para uma evolução ou rumo a uma redenção - pelo contrário, a ideia está em despertar a empatia pelo que não se pode compreender, pela inércia dos dois personagens que procuram se comunicar mesmo estando tão fora de sintonia, que correm por uma Los Angeles que só existe nas percepções deles, apaixonados pelo que não conseguem descobrir um do outro.
Heitor Romero | Em 22 de Março de 2022. -
Quando alguém vem com a ideia de cancelar toda a franquia e começar do zero a partir do fim do filme original, justamente pelas continuações anteriores serem pífias, mas realiza a proeza de ser ainda pior do que os filmes que ignorou. Parabéns aos envolvidos.
Heitor Romero | Em 16 de Março de 2022. -
Um filme saudosista não exatamente de uma época, mas de uma forma de fazer cinema e enxergar cinema que já quase não existe mais. Spielberg é um nostálgico por natureza, e a beleza de sua versão para West Side Story não está na base de comparação de atributos entre remake e original, mas sim na possibilidade de enxergar o cinema pela ótica que ele desenvolveu enquanto aprendia ao assistir os clássicos de sua juventude.
Heitor Romero | Em 10 de Março de 2022. -
Um cruzamento de diversas referências, estilos, escolas de terror, que mantém o interesse somente por transitar o tempo todo no extremo do absurdo e da caricatura, ainda que no fim das contas acabe soando mais como uma emulação sentimental e afetada de um fã do gênero.
Heitor Romero | Em 02 de Fevereiro de 2022. -
Uma declaração de amor de Lin-Manuel Miranda não somente a Jonathan Larson, mas a todo o universo da Broadway e a paixão pelo teatro, do autor pelo seu público. Ainda que o diretor tenha algumas dificuldades com o musical enquanto cinema, sua energia contagia e Andrew Garfield compensa com uma composição muito delicada e singela.
Heitor Romero | Em 13 de Dezembro de 2021. -
A cena em que Eastwood se permite derramar uma lágrima, ainda que os olhos estejam estrategicamente cobertos pelo velho chapéu de cowboy, resume o tom de vulnerabilidade e exposição consciente de um ídolo que construiu ao longo da vida essa fachada impávida, mas que à essa altura do campeonato se arrisca a dançar, se apaixonar e (olha só!) trocar a vida nos EUA para viver feliz no México. Que lindo que a velhice não seja um motivo de lamento para ele, e sim apenas um novo capítulo na vida.
Heitor Romero | Em 13 de Dezembro de 2021. -
Frances McDormand novamente em um filme aquém de seu talento e tamanho, um trabalho pueril e por vezes emocionante, mas que jamais justifica toda sua aclamação.
Heitor Romero | Em 13 de Setembro de 2021. -
Impressionante não só pelo encontro de estilos de dois gênios do musical como Vincente Minnelli e Busby Berkeley, mas pela incrível façanha de um elenco 100% composto por atores e músicos negros em plena era de segregação racial, ainda conta com a ousadia de um plot em que a questão racial não é a princípio um assunto primário, colocando com naturalidade o negro em situações em que naquela Hollywood racista normalmente só se via em filmes com atores brancos.
Heitor Romero | Em 10 de Agosto de 2021.