Inquietante, Os Outros de Alejandro Amenábar tem um final surpreendente e arrebatador.
Desde que O Sexto Sentido estreiou nos cinemas de todo o mundo, em 1999, o seu diretor M. Night Shyamalan fora consagrado o grande cineasta do suspense na atualidade. Apesar de não ter esse título, o chileno Alejandro Amenábar não tem a tensão como estilo único de filme. Porém, em um de seus melhores trabalhos, tão bom quanto o emocionante Mar Adentro, este denominado "The Others" é um suspense diferente e sagaz, o melhor desde "The Sixth Sense" e seu final magnífico. A história desde longa metragem sendo criticado segue a mesma linha de racicíonio do filme de Shyamalan. Ambos envolvem fantasmas, ou pelo menos a suspeita deles. E ambos tem um final completamente inesperado e extrordinário. A história se passa durante a Segunda Guerra Mundial, quando Grace Stewart (interpretada por uma nova Nicole Kidman) é uma mulher que se muda com seus dois filhos, Nicholas (James Bentley) e Anne (Alakina Mann) para uma mansão em um local completamente isolado, na ilha de Jersey. Os filhos sofrem de uma grave doença que os proibe de ficarem expostos à luz solar, uma espécie de fotossensibilidade. Por isso, todos os aposentos da enorme mansão (vazia, típica moradia de guerra) têm suas janela cobertas por pesadas cortinas. A casa, portanto, fica dia e noite inundadas em uma escuridão absurda e perturbadora, cuja única luz vem de velas e lampiões. Grace ainda é uma mulher muito devota e faz seus filhos rezarem sempre antes de durmir, empregando dogmas e ensinamentos da Bíblia para os dois. Ela também vive uma vida infeliz, que se resume a arrumar a casa, manter tudo organizado, cuidar dos filhos e esperar o marido, que está desaparecido desde que foi pra Guerra. Ela conta com as ajudas de Sra. Mills (Fionnula Flanagan) que é a governanta da mansão, Lydia (Elaine Cassidy) a doméstica que não pode falar e Sr.Tuttle (Eric Sykes), o jardineiro. Eles mantém uma convivência normal com a patroa, porém uma convivência entre patroa-criados. As coisas caminham nos trilhos até que os filhos passam a ver pessoas dentro da casa, desconhecidos que envolvem uma criança, o pai, a mãe e uma velha cega. A partir daí, inúmeras suspeitas, desconfianças, dúvidas e alucinações vão tomar conta do psicológico das personagens e dos espectadores também.
Uma direção precisa de Amenábar garante o melhor para 'Os Outros'. Desde a escolha por cenários vazios, uma fotografia mais densa e o local das filmagens, tudo é muito bem optado por ele. O filme como um todo, é uma mistura excepcional de talento aclopado a uma direção muito coesa e bem estruturada. A partir dos ideais do diretor chileno o filme caminhou para um final perturbador, sem se perder no caminho. Neste ponto, Amenábar também mostra saber dirigir um roteiro com precisão. Escrito por ele mesmo, recebeu a indicação ao BAFTA e outros vários elogios tanto pela originalidade, quando pela abordagem de um assunto, que apesar de algumas diferenças tinha acabado de ser usado em 'O Sexto Sentido', indicado a seis prêmios no Oscar, e que faturou uma grana preta nas bilheterias. O roteiro poderia ser um verdadeiro desastre caso fosse dirigido pelas mãos de outra pessoa, uma vez que as várias pequenas subtramas da narrativa poderiam vir a distrair o foco dos espectadores, que tinham que visar somente o fato da existência da suspeita de "outros" na casa. Felizmente, não é isso que acontece, e o roteiro anda da melhor maneira possível.
Depois de ter sua vida exposta em inúmeros tablóides sensacionalistas dos Estados Unidos e do mundo, Nicole Kidman embarcou de carne e osso em vários projetos, a fim de se manter ocupada. No mesmo ano em que filmou 'Os Outros', ela gravou Moulin Rouge - Amor em Vermelho, pelo qual recebeu sua primeira indicação ao Oscar. Por este suspense, ela recebu a indicação ao Globo de Ouro de Melhor Atriz em Filme Dramático, e não à toa. Sua atuação aqui lhe rendeu elogios pelo mundo todo, a sua feição assustada e difícil e suas passagens finais no filme viraram destaque. Trabalham muito bem o restante do elenco, igualmente. Fionnula Flanagan consegue ser adorável e misteriosa na mesma proporção, assim como os dois outros criados. As crianças também participam muito bem, chegando a surpreender até mesmo Nicole Kidman. E pra finalizar a análise do elenco, uma passagem interessante de Christopher Eccleston, que interpreta Charles Stewart, pode ser notada. Ele baseia seu personagem mais em uma mistura de olhares com expressões tristes e incógnitas. Na verdade, nunca sabemos o que ele realmente faz e qual a importância misteriosa dele no filme.
Destacando a equipe técnica, desde uma nebulosa e tensa fotografia do competente Javier Aguirresarobe merece um destaque especial, que é acompanhado de perto por uma direção de arte vazia e escura, do realista Benjamín Fernández. A música do próprio Amenábar também é belissima e muito emocionante.
Em um final arrebatador, Os Outros tem o seu fim, que não demora a acontecer. Um filme praticamente perfeito, não fosse um pouco da nebulosidade que o filme apresenta em alguns momentos, que podem irritar o espectador. Alejandro Amenábar se mostra um diretor de talento indiscutível, capaz de vários ofícios em um mesmo filme, ele conduz a tensão até o seu derradeiro final, como um maestro de ópera. Um diretor e por fim, um filme admirável.
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