Depois de assistir a esse filme fiquei pensando intensamente em sua mensagem e na lição que ele tem para dar. Primeiramente, somos apresentados ao anti-herói Alex, que é um jovem extremamente violento, prepotente e insensível (Percebe-se claramente pelos seus atos). Ele vive numa sociedade futurista da Inglaterra, onde não existe lei nem ordem (Qualquer semelhança com a realidade não é mera coincidência), Alex é traído por seu grupo, onde manifestava sua barbárie e é preso em flagrante, lá ele é submetido a um tipo de tratamento experimental capaz de anular seu instinto violento e torná-lo um cidadão inofensivo.
Basicamente é essa a sinopse de Laranja Mecânica, mas o mais importante nesse filme não é a história em si, mas sim o modo como ela é contada e trabalhada. Todos os detalhes do filme foram minuciosamente pensados pelo diretor Stanley Kubrick, das cenas aparentemente banais como a da abertura do filme até as mais impactantes como a do estupro e espancamento ao som de “Cantando na
Chuva”. Tudo no filme se encaixa perfeitamente de modo que aproxima o espectador cada vez mais do drama vivido por Alex.
O Filme é muito mais do que elogios técnicos e de direção, ele tem um conteúdo muito mais profundo e complexo do que aparenta ser, pois através da idéia de uma sociedade tão degradada em todos os aspectos como aquela, Kubrick manifesta sua critica exagerada ou não de uma realidade que esta tão perto da gente que chega a assustar.
Outra característica importante a ressaltar é que quando Alex é preso para “felicidade” geral da sociedade, ele acaba sendo escolhido para ser cobaia numa experiência arriscada de “extinção do mal interior”, mas às verdadeiras intenções do governo ao investir nisso não são de regenerar um bandido e soltá-lo à sociedade para que essa se torne cada vez mais segura e melhor, mas sim de conseguir votos através da aprovação do povo a essa “propaganda” para ganhar eleição. Na verdade o que eles acabam fazendo com Alex é retirando sua personalidade através de um tratamento desumano, isso o torna uma “quase máquina”, pois a experiência priva Alex de fazer suas escolhas e agir como um humano qualquer. Quando ele consegue obter a liberdade, voltando a viver em sociedade e encara novamente as pessoas que ele anteriormente tinha feito mal é que Kubrick constrói um paradoxo genial entre bandido e sociedade, pois a sociedade condena atos deploráveis como os dos bandidos, mas ela acaba cometendo o mesmo erro ao querer vingança, isso a torna tão violenta quanto o bandido condenado (acontece com o mendigo e o escritor do filme, entre outros).
Para finalizar, temos um final aberto a interpretações(Como já é de costume dos filmes do diretor). Para quem já assitiu, a interpretação que ficou implícita para min, foi que Alex nunca deixou de ter um instinto violento (ele só foi privado de manifestá-lo por causa da dor física que sentia cada vez que quisesse expressá-lo), só que no final, depois do acidente ele acaba recuperando esse instinto e a liberdade para poder manifestá-lo novamente, concluí essa interpretação pela cena em que ele se imagina em pleno sexo com duas garotas e diz que ele estava realmente curado.
Em fim, a união de todos esses fatores e outros que complementam o filme, torna-o uma legitima obra-prima e um clássico inesquecível desse excepcional e genial diretor.
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