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A Arte de François Truffaut

Dando continuidade ao nosso especial mensal sobre lançamentos em home vídeo no mercado brasileiro, agora deixamos um pouco de lado o fantástico terror italiano de Mario Bava para adentrar no cinema de um dos maiores nomes do cinema francês em A Arte de François Truffaut. O produto, lançado pela Versátil Home Vídeo em parceria exclusiva com a Livraria Cultura, traz um digistack com três filmes do diretor, acompanhado de quatro cards que reproduzem a arte dos pôsteres originais.

A seleção atravessa a carreira de Truffaut desde seus tempos na nouvelle vague no anos 1960, com Atirem no Pianista (Tirez Sur Le Pianiste, 1960), passando por sua fase de amadurecimento na década seguinte com o sucesso A Noite Americana (La Nuit Américaine, 1973), até seu canto de cisne em De Repente, Num Domingo (Vivement Dimanche!, 1983). As escolhas são certeiras e permitem traçar um panorama da filmografia de Truffaut, que ao longo dos anos foi se submetendo a diversas mudanças de acordo com cada fase de sua vida, ao mesmo tempo em que apresentam invariavelmente algumas características-chave que se mostram presentes nos três filmes.

Atirem no Pianista foi seu primeiro longa-metragem após o tremendo sucesso de Os Incompreendidos (Les quatre cents coups, 1959) e precedeu o outro sucesso que foi Jules e Jim - Uma Mulher para Dois (Jules et Jim, 1962). Acabou por se tornar um trabalho pouco comentado e com o passar dos anos caiu em esquecimento estando entre os dois maiores títulos de Truffaut. A escolha não poderia ser mais certeira, por fazer justiça a uma obra tão rica, onde se notam misturadas as influências tanto do cinema clássico americano quanto do francês na concepção narrativa e visual do diretor. Outras referências a música e literatura também aparecem cedo ou tarde e, por fim, temos em mãos um filme-chave em que já se notam os principais pilares no cinema de Truffaut, ainda que tímidos.

A Noite Americana ganha dois pôsteres diferentes no digistack da Versátil e é o título mais conhecido da coleção, vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e rendeu a Truffaut uma nomeação ao Oscar de Melhor Diretor. A brincadeira com a metalinguagem e a crítica ácida mista com declaração de amor pela profissão formam um painel completo e contundente sobre o cinema enquanto arte, enquanto trabalho, enquanto via de escape, enquanto indústria.

De Repente, Num Domingo foi muito criticado por transitar livremente entre o cinema clássico e o moderno sem qualquer cerimônia e aparentemente formulaico, mas quando revisto e bem destrinchado revela Truffaut em seu melhor, sabendo conciliar seu passadismo e necessidade de estar sempre revivendo o cinema antigo com sua veia vanguardista, experimental, que fez sua fama quando surgiu com sua trupe no movimento da nouvelle vague. Não se deixe enganar pela fachada de simples releitura do filme noir, pois há um trabalho muito maior por trás de tudo isso.

Na vibe de Truffaut segue uma outra coleção imperdível lançada nesse mês. Nouvelle Vague reúne seis obras-primas do movimento, entre elas mais um título do Truffaut. Mais de uma hora de extras, que incluem documentários e entrevistas, e um digistack caprichado acompahado também das reproduções dos pôsteres originais completam a coleção.

No primeiro disco temos Ano Passado em Marienbad (L’Année dernière à Marienbad, 1961), obra-prima de Alain Resnais e melhor título da coleção, e Os Libertinos (Les Dragueurs, 1959), de Jean-Pierre Mocky, provavelmente o filme mais raro e desconhecido entre os selecionados. No segundo disco temos novamente Truffaut com Um Só Pecado (La Peau Douce, 1964), obra-prima desconhecida em sua filmografia, e Bande à Part (idem, 1964), a deliciosa homenagem de Godard aos filmes de roubo americanos, e uma de suas obras mais influentes. No terceiro disco vemos Jacques Demy com A Baía dos Anjos (La Baie des Anges, 1963) e Jacques Rivette com Paris nos Pertence (Paris nous Appartient, 1960), cada qual uma flechada certeira no coração de qualquer cinéfilo e uma chance raríssima de ver esses dois grandes cineastas com qualidade em home video.

As coleções A Arte de François Truffaut e Nouvelle Vague já estão disponíveis para venda, e fica por parte do Cineplayers a recomendação dos DVDs, todos em ótima qualidade de áudio e vídeo, além dos extras e cards que valem muito na prateleira de um colecionador. Até próximo mês!

Comentários (15)

Chcot Daeiou | quinta-feira, 02 de Julho de 2015 - 15:05

Eu comprei quatro das cinco coleções 'A arte de' lançadas até agora: o do John Cassavetes, a do Altman e essa do Truffaut, vêm com três filmes e um documentário sobre o diretor, os dois últimos ainda não retirei na loja. A do Samuel Fuller, veio com quatro filmes. Assim como a do Mario Bava, o único que ainda não comprei porque ainda estou pisando em ovos com este diretor italiano.

Mas eu também preferiria filmes originais dos autores a documentários sobre os diretores...

Joéser Mariano da Silva | segunda-feira, 20 de Julho de 2015 - 09:33

Era quatro filmes agora são três filmes e um documentário, acho que dentro da proposta da coleção o novo formato faz mais sentido, mas de qualquer forma acho que o preço está muito bom.

Rodrigo Giulianno | segunda-feira, 20 de Julho de 2015 - 10:43

eEnquanto issso...a Paris cobra 79 pratas por 1 dvd...lançamento

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