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Críticas

Cineplayers

Caos.

0,0

A impressão que se tem ao final de Balança Mas Não Cai (idem, 2011) é de terem sido projetados fragmentos de pelo menos cinco filmes diferentes montados em blocos aleatórios, sem nada em comum uns com os outros a não ser uma referência mínima feita ao edifício fantasma do centro de Belo Horizonte, o Tupis, cujo apelido dá título ao longa. Começa parecendo um institucional sobre o prédio, mas logo se transforma em um documentário de memórias e entrevistas com antigos trabalhadores e moradores do local, para em seguida cair na abstração e na experimentação estética video-artística, prosseguindo com péssimas encenações luxuriosas de cenas eróticas filmadas dentro do prédio, e finalmente chegando a uma digressão de pelo menos 20 minutos com imagens de arquivo da capital mineira. O ápice é quando o próprio diretor, Leonardo Barcelos, que intervém frequentemente com narrações poéticas que só reforçam a autoindulgência com que filma, surge em tela enfiando a cara na água, encarando a câmera de frente.

Diante dessa confusão perturbadora, a única leitura possível de se fazer de Balança Mas Não Cai é classificá-lo como uma obra de autor, que reflete um procedimento próprio de seu realizador. Um procedimento completamente desastrado, seja por suas opções estéticas fetichistas, de imagens histriônicas e vazias, ou pela narrativa liquidificada, que não permite ao filme um fluxo capaz de tornar possível ao público adentrar à experiência sensorial proposta. A diluição entre o registro documental e a encenação, recriando sonhos, cenas e ações possíveis de se relacionar ao prédio abandonado, não parece estar ali para nada além de satisfazer a egolatria do diretor. A imposição de si mesmo ao objeto filmado faz com que ele mate já no início do filme todo interesse que poderia ser encontrado em uma obra sobre o prédio, que se dilui completamente até tornar-se apenas um acessório conectivo dos diversos delírios e recortes imagéticos.

São 72 minutos de uma esquizofrenia audiovisual impressionante, de um filme incompreensível e do qual nem mesmo Barcelos conseguiu falar com convicção. Pelo contrário: aparentemente na defensiva, fez questão de pautar que trabalhou sem projeto algum, sem nem mesmo uma suspeita de que iria fazer um filme sobre o assunto - ou melhor, de que iria fazer um filme, pois “assunto” é justamente o que ele não tem, apesar destas falhas conexões que tece através do prédio. Se a ideia de Balança Mas Não Cai foi se construindo a partir da reunião de diversos materiais, funde-se nele um processo criativo pautado pela inconsequência, que gera um filme incapaz de se resolver em qualquer um dos procedimentos estéticos adotados. Resta disso uma operação de caos imagético que não funciona de nenhuma maneira, nem como registro, nem como experimento, e menos ainda como cinema. 

Visto na 15a Mostra de Cinema de Tiradentes.

Comentários (4)

Rodrigo Torres | quinta-feira, 26 de Janeiro de 2012 - 23:06

NOTA ZERO! HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA

Carlos Saldanha | sexta-feira, 27 de Janeiro de 2012 - 02:52

Zero? Que exagero. Tem que ser um desastre total, pra levar essa nota. kkkkk

Marcus Almeida | sexta-feira, 27 de Janeiro de 2012 - 08:36

Difícil o Dalpizzolo dar zero.

Murilo Monteiro | sábado, 28 de Janeiro de 2012 - 01:21

perdi até a vontade de assistir depois deste zero haha nunca é ruim tirar as suas próprias conclusões não é .

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