Dirigido com personalidade por Walter Hill, a simplória história que move Alvo Duplo se mostra em segundo plano diante de todo um charme empregado nas sequências dramáticas com o protagonista, o que tem de melhor neste exemplar. Trazendo ângulos que refletem toda a melancolia de Stallone e a adrenalina, quando é acionada, o diretor soube extrair do roteiro um envolvente e intimista drama policial que consegue se diferir de produções similares, com muita técnica e criatividade em compor os quadros que dão vida e cercam o protagonista.
Sua trama de fato é muito simples, não há novidades em seu formato e muito menos no que diz respeito ao desenvolvimento da ação e de como os personagens serão inseridos ali, mas o que realmente é levado a sério e sem excessos de piadinhas fúteis é a intensidade de James Bobo. Pra quem foi aos cinemas na busca de reprisar a 'diversão sanguinária' da série dos Mercenários, realmente se frustrou. Flutuando quase por um clima noir, o olhar distante de Stallone por muitas vezes é focalizado diante das sombras, e uma aparente solidão é refletida e condicionada através de sua ação e pensamentos. Não me lembro de ter visto seu personagem sorrir. É alguém que não se diverte, e a todo instante se mostra alerta e, de certa forma, desesperançoso do mundo e dos relacionamentos, tornando sua personalidade um oceano profundo de desilusão.
A única (e grave) falha de Alvo Duplo é seu antagonista, vivido por Momoa. Não existe expressividade alguma em sua atuação, não há brechas para entendermos melhor sua condição no longa, são só caras e bocas e vislumbres de seu físico assustador na tentativa de intimidar e criar tensão. Além disto, os trailers do filme que foram sendo lançados semanas antes do lançamento entregaram grande parte do duelo final de Stallone e Momoa, retirando quaisquer emoção da mesma (lembrou bastante o confronto final de Stallone Cobra). Acabou tornando-se anti-clímax em alguns momentos, pois 70% do duelo final pôde ser visto antes dos cinemas, infelizmente.
Uma pena mesmo foi o fato desta produção ter registrado uma arrecadação pífia nos cinemas norte-americanos (menos de $10 milhões de dólares), que não faz jus em absolutamente nada à experiência. O mesmo pode ser dito de O Último Desafio de Schwarzenegger, que também sofreu para chegar aos $12 milhões de dólares, justo ambos que faziam qualquer produtor satisfeito e com bolsos cheios de grana.
Seus 91 minutos de projeção foram perfeitos para compor um trabalho de assimilação fácil enquanto entretenimento ágil, além de que para aqueles que buscam encontrar nas entrelinhas de um olhar ou um gesto algum detalhe que contribui para compreender melhor a motivação, inspiração e personalidade do protagonista, também irão se beneficiar. Para quem acha que filmes que nem este (visto como exemplares pra macho) não conseguem imprimir sensibilidade, assistam e não se arrependerão, pois Stallone é Stallone.
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