Lupas (317)
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A narrativa é completamente despirocada, sem eixo nem destino, e ainda consegue amarrar as pontas da vida e da morte quase num tom kitsch, e ainda assim poético, extremamente erótico e passional. Dom Quixote e Sancho Pança numa versão Lucio Fulci.
Felipe Leal | Em 02 de Fevereiro de 2017. -
Farhadi tem um domínio absurdo de mise-en-scène - e esta metade essencial de seu cinema se choca com o intricado de roteiros que só se expandem em complexidade moral e sensível (não há culpados, todos são vítimas de suas pequenas humanidades).
Felipe Leal | Em 27 de Janeiro de 2017. -
Todo plano de Bellocchio é um monumento de contemplação pura por si. Que sua genialidade o permita carregá-los de blocos de afetos diferentes a cada sequência é só a prova do quanto o cinema pode ser uma experiência partilhada. A dor dos outros é a nossa.
Felipe Leal | Em 27 de Janeiro de 2017. -
''Eu te amo, tá?'' ''Tá.''
Felipe Leal | Em 24 de Janeiro de 2017. -
O cineasta como metáfora (por que o cinema demora tanto a falar sobre si mesmo?) e um dos finais mais inquietantes que já vi. Guiraudie se solidifica como expoente da sua geração de diretores: cada filme seu tem se provado um lufada de oxigênio no cinema.
Felipe Leal | Em 23 de Janeiro de 2017. -
É quase um milagre que o tratamento a um despertar sexual adolescente se dê com tamanha tensão e doçura ao mesmo tempo. Sem apelações ou desperdícios, só dois corpos que se acostumam a si mesmos. Com o risco do palavriado vulgar: um filme maduro, enfim!
Felipe Leal | Em 23 de Janeiro de 2017. -
Barry Jenkins, preste atenção: eis tudo o que Moonlight poderia ter sido.
Felipe Leal | Em 18 de Janeiro de 2017. -
Pode não ser a obra-prima de Herzog, mas é seu filme mais importante: uma aula de documentário, de ética no cinema, de apropriação de imagens, das relações com as imagens em si; sem, claro, perder sua espinha dorsal: o ser humano levado ao limite.
Felipe Leal | Em 18 de Janeiro de 2017. -
Passada a reação passional típica do deslumbramento cinefílico, resta um ''musical'' sem química (Gosling está ruim e chato), um anacronismo intencional que não sustenta a própria homenagem no presente, e uma trama boba e mal desenvolvida. Stone é só ok.
Felipe Leal | Em 15 de Janeiro de 2017. -
Só pode haver algo na tradição cultural portuguesa que permita aos seus cineastas fabular com tanto vigor. De repente, a narrativa deste filme se impregna de uma magia que é tão natural quanto típica dos princípios do cinema. Filme lindo de encantamento.
Felipe Leal | Em 11 de Janeiro de 2017. -
A sensação de sufoco do filme de Farhadi é tão crescente que em seu último ato é impossível respirar ou piscar os olhos. É raro que se consiga tensionar um drama moral numa duração tão extensa e com atuações brilhantes. Portugal e Irã > outros cinemas.
Felipe Leal | Em 11 de Janeiro de 2017. -
Um Jeff Bridges brilhante, hilário e carismático em sua ''roboticidade'', e uma injetada de oxigenação e frescor tão nova, embora encaixada 30 anos atrás, ao gênero da ficção científica, que é impossível não confirmar: Carpenter gênio!
Felipe Leal | Em 02 de Janeiro de 2017.