Lupas (3066)
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Um clássico sobre as mazelas da guerra. Velhos sacrificando os jovens por seus interesses, o patriotismo como mercadoria dos poderosos, o discurso que se esvai no lamaçal de sangue. A luta é vazia de sentido, a guerra é o fracasso da humanidade. Filme exemplar e sofisticado no trabalho de câmera, impecável na construção do plano, na habilidade do enquadramento. Poderoso como lamento. Poderoso como Cinema.
Zacha Andreas Lima | Em 28 de Janeiro de 2024. -
A materialidade da memória, o tempo e sua relação com as imagens. A busca de uma magia esquecida, a beleza que toca o inconsciente. A forma única do olhar, o olhar para si, o olhar para o mundo. Um respiro de nostalgia, uma nova ressignificação para a própria existência do filme. Relembrar é viver. Imaginar é ser. O primeiro longa-metragem de Victor Erice em trinta anos é uma experiência dos sentidos, um filme que exala ser um filme, uma poesia da saudade. Das imagens mais sólidas deste século.
Zacha Andreas Lima | Em 27 de Janeiro de 2024. -
O homem que carregava um abismo dentro de si. É desse abismo que nasce seu talento, sua música, mas também é onde residem seus demônios. História do homem que viveu tão intensamente quanto sua música, que sentia o amargo da vida na alma. É um dos filmes mais arriscados de Clint Eastwood.
Zacha Andreas Lima | Em 26 de Janeiro de 2024. -
São várias as ideias contidas no filme: uma investigação sobre as múltiplas realidades da verdade, o desgaste dos relacionamentos, a presença da culpa, a posição da mulher na sociedade moderna, a força da palavra no cerne das situações humanas. É um filme potente, intenso, sempre questionador, não procura soluções simplórias, sabe trabalhar as próprias expectativas. Méritos para o trabalho de Justine Triet. A realizadora soube tirar o melhor da imagem, do texto, da influência dos atores.
Zacha Andreas Lima | Em 26 de Janeiro de 2024. -
No final das contas é isso mesmo. Somos monstros. A sociedade é monstruosa. Um emaranhado de pessoas ignorantes, preconceituosas, covardes e vazias. Sei que "Monster" vai muito além desses conceitos. É um filme construído como um estudo sobre perspectiva, um drama poderoso sobre a nossa incompreensão da realidade dos outros. Mas é o que não me sai da cabeça. Somos monstros. A sociedade é monstruosa. Kore-eda é um realizador impressionante.
Zacha Andreas Lima | Em 25 de Janeiro de 2024. -
Desespero, melancolia, tragédia. Humor incomum, uma pitada burlesca, o acaso. A impossibilidade de sentir, o mundo frio do capitalismo, o clamor do corpo. A solidão sempre presente na alma, nas coisas, no todo. Tsai Ming Liang nunca decepciona.
Zacha Andreas Lima | Em 24 de Janeiro de 2024. -
Naomi Kawase tem um verdadeiro olhar de poesia para com a natureza, os corpos, a plenitude das coisas. Suas imagens buscam o fluxo dos movimentos, o evocativo sensorial, a harmonia prosaica do momento. É o rio de águas calmas que se deixa levar sereno pelos caminhos da vida.
Zacha Andreas Lima | Em 14 de Janeiro de 2024. -
Provoca uma constante sensação de desconforto. É como uma explosão dos instintos mais animalescos do ser humano. Mas sem exageros, é de uma realidade crua, caótica, as pulsões podem ser sentidas na pele dos protagonistas. Filme que merecia um maior reconhecimento.
Zacha Andreas Lima | Em 14 de Janeiro de 2024. -
Viver é amargura. Viver é deslocamento. Viver é contemplação. Paulo Rocha criou imagens hipnóticas por sua poesia e estranhamento, que são evocativas do íntimo do protagonista, que se revelam um registro singular do modo de vida de uma simplória comunidade nos recantos de Portugal. É um filme para o deleite dos olhos, uma reflexão para a vida, uma peça notável de arte cinematográfica.
Zacha Andreas Lima | Em 13 de Janeiro de 2024. -
O episódio realizado por Ozualdo Candeias é hermético, agressivo, pode ser interpretado de várias maneiras (uma alegoria dos confins do Brasil?). Tem uma forte presença estética. Já o episódio de Person é uma insinuante alegoria política do mal-estar provocado pela ditadura. Para mim o melhor segmento do filme. José Mojica Marins encerra a antologia com um conto de puro horror, na melhor tradição do gênero. Destaque para o realismo nas cenas do enterro.
Zacha Andreas Lima | Em 13 de Janeiro de 2024. -
O pesadelo das forças misteriosas e implacáveis do destino. As fraquezas do espírito humano sentenciando os imprudentes aos horrores do fundo do abismo da consciência. A escuridão como verdade absoluta do mundo. Toshio Matsumoto filmou uma espécie de auto dos condenados da tragédia humana. Um filme de composições impressionantes, de uma beleza macabra e inebriante, um primoroso jogo de luzes e sombras.
Zacha Andreas Lima | Em 13 de Janeiro de 2024. -
Um filme pleno de melancolia, por vezes divertido, por vezes jocoso, mas sempre amargo e sarcástico no seu trato da persona do homem machista português.
Zacha Andreas Lima | Em 12 de Janeiro de 2024.