Lupas (228)
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No começo pode parecer um filme distante, meio rígido demais. A fotografia muito opressiva, o abuso incessante, o formalismo em cada movimento de câmera, mas existe uma força que vai se acumulando até a grande cena que da nome ao filme. Depois dali, ele ressignifica toda sua rigidez e o distante se torna próximo e humano pra caralho. O que era falta de profundidade vira sensatez em como contar essa historia tão importante. Tudo para virar um futuro clássico. E pra ficar de olho no elenco todo.
Leo | Em 08 de Janeiro de 2021. -
Fala sobre vários assuntos relevantes sem um passar por cima do outro, ou acabar tirando o protagonismo do filme na jornada da personagem. Com muito coração sobre as pessoas, nossas relações, natureza, família, amizade. Toda uma gama que nos fazem se perder, se procurar e se encontrar novamente e, mais ainda, sobre a coragem de tentar. A fuga do melodrama e falta de conclusão fácil sobre tudo isso é só mais uma afirmativa do circulo da vida e de seus caminhos.
Leo | Em 04 de Janeiro de 2021. -
A animação visual em si é a parte que mais interessante. Fantástica em todos os sentidos, imaginativa e engraçada, mas o roteiro já não é tão afiado. Constantemente vai para um lado mais fácil. Personagens se encontram nas horas ideais, mudam no momento que a batida do filme precisa, deixando um pouco daquela sensação de obviedade que vai para a própria mensagem também. Fácil saber exatamente que filme você vera. O saldo mesmo assim é bem positivo e agradável.
Leo | Em 04 de Janeiro de 2021. -
Cronenberg é um dos grandes. Seu cinema é físico, atordoante. Sempre aberto a revisitações e reinterpretações e sinto que voltarei a este logo mais. Muito acaba não funcionando tão bem, mas Cronenberg sabe mexer com a linguagem fazendo seu cérebro bagunçar e questionar o mundo a sua volta. Aqui, a bagunça do virtual na mente humana, dos papeis que interpretamos ao nosso entorno. As infindáveis e abstratas reviravoltas sem proposito que realmente retornam do virtual e iludem nossa existência.
Leo | Em 28 de Dezembro de 2020. -
Dentro de suas interpretações é importante demais, seja um estudo sobre a manipulação do cinema ou sobre a violência e trauma causados pelo colonialismo. Abre para discussões vitais sobre o papel da imagem e sobre realidade vs mentira dentro do documentário e do cinema, discussão antiga, mas eternamente importante.
Leo | Em 23 de Dezembro de 2020. -
Há um filme fantástico até seus 10 minutos finais, onde decisões como o melodrama barato e a necessidade de resoluções, infelizmente, atrapalham totalmente a obra. Até aquele momento Soderbergh fazia um de seus melhores filmes. Mostrando relações do mundo moderno perfeitamente, personagens maravilhosos por todos os lados, uma comedia hilária e realista, assim como seu drama. A fotografia reforça a artificialidade das relações e uma trilha linda e cômica. O elenco é genial. Dava pra ser gigante.
Leo | Em 23 de Dezembro de 2020. -
Tem algumas partes que se repetem e enchem o saco depois de alguns momentos. Como as relações meio estereotipadas com as personagens femininas. Mas quando acerta Allen mostra, provavelmente, seu filme mais interessante esteticamente. Puxando Fellini a torto e a direito capta seu próprio estilo dentro disso e retira cenas cheias de beleza. Além de uma linda carta de amor para o cinema. Rampling, no tapete, com Armstrong ao fundo é das coisas mais lindas de toda sua filmografia.
Leo | Em 22 de Dezembro de 2020. -
Embora não seja muito fiel a real historia de Calígula, a ideia não era essa, e sim a de criar um deus/imagem do profano, do egocentrismo, do absurdo que existe dentro de todos. A sexualidade e violência são mostrados a exaustão, o que pode cansar alguns, mas é exatamente para criar esse estado de demência e explicitação do absurdo. A direção de arte é um primor e as atuações são boas também. McDowell é um gênio pra papeis assim e O'Toole mostra porque será para sempre um dos grandes.
Leo | Em 21 de Dezembro de 2020. -
Sinto que já vi essa historia melhor contada, mas não é uma obra genérica e sem alma. Existe uma delicadeza gigante em como aborda as personagens, se aproxima delas e as uni. Recusando em vários momentos uma trilha insinuante demais. Quando ela vem, é pontual e certeira. Assim como rejeitando diálogos no lugar de olhares e ações. O sexo aqui é lindo, mostrado não por fetiche, mas porque é amor, conexão e mudança. Ronan é muito boa, mas puta que pariu Kate, a senhora não brinca quando quer atuar.
Leo | Em 14 de Dezembro de 2020. -
Nolan fazendo 007 do seu jeito, mas, caramba, que filme chato. É tudo rápido, caótico demais. Sem um personagem que tenha alguma camada de personalidade além de um arquétipo tosco. Se a intenção é de criar um filme que anda pela ação, então, seria melhor que ele realmente abandonasse o melodrama, toda vez que volta para ele é enfadonho. Não que esse seja o único caráter deplorável de Tenent. São inúmeros problemas que marcam um filme de um diretor em decadência. Fotografia e Pattison se salvam.
Leo | Em 10 de Dezembro de 2020. -
Tem seus bons momentos, como a violência do homem invisível, bem cruel e fria, e os efeitos brilhantes, mas, são poucos desses momentos e a maioria do filme é um vai e vem de personagens pouco interessantes e uma direção sem muita inventividade. Além de tirarem todo o sarcasmo do livro para uma comedia boba. Imagino Hitchcock dirigindo, provavelmente seria uma obra prima. Tanto a temática mais profunda do livro combina com seu estilo, como fico curioso em como ele usaria sua técnica aqui.
Leo | Em 09 de Dezembro de 2020. -
Se Kane é para sempre um quebra-cabeças que alimenta a própria armadilha que o aprisiona e isso é perfeitamente transposto em Cidadão Kane, aqui, o homem que o escreveu e sente igualmente aprisionado não é bem transportado para tela. Fincher sempre foi um diretor que mesmo com extravagância entregava momentos e detalhes sutis dentro de seu próprio estilo, mas tropeça em muita energia e pouco ritmo. A rapidez é apressada, não dando o respiro que muitas cenas precisavam e o estilo desinteressante.
Leo | Em 05 de Dezembro de 2020.