Lupas (317)
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Roteiro assinado e com a densidade crítica e pontual de Didion; cada agulhada é uma prova dos sabores e dissabores da imagem de afetar, sem contudo sem amoral ou tortuosa. Todos os atores se lançaram no brutal limiar do vício. Filme de rostos em queda.
Felipe Leal | Em 18 de Dezembro de 2018. -
É um código, é um fóssil de um tempo misto, uma história de desejo, amor e duplos, uma gargalhada no rosto da cultura do sentido, uma daquelas obras que carregam o indizível sobre a própria feitura. É um mistério, O mistério, Watts monstruosa. Silencio!
Felipe Leal | Em 15 de Dezembro de 2018. -
Deixem o olhar embriagado de Phoenix ao final dizer tudo: o que PTA, Pynchon e o multicolor 'anos 60' fizeram foi multiplicar um possível inquietante sobre o mundo, sob hilária/perversa capa: e se o mundo todo fosse uma trama? Quem é peão? Quem é rei?
Felipe Leal | Em 15 de Dezembro de 2018. -
É o que chamam de "filme honesto", mas a titulação não consegue alcançar: é mais que cru ou sagaz sobre seu "tema" (ressuscitar sendo mulher depois de uma estabilidade segura): é de uma redescoberta do constante jogo dos sexos dentro de si e entre outrem.
Felipe Leal | Em 14 de Dezembro de 2018. -
É impossível não dizê-lo objetivamente: é esquemático nos seus twists, no protocolo temporal-virtual, na tipologia dos personagens, em qualquer possibilidade da ficção de ir além do enferrujado imaginário científico simples...
Felipe Leal | Em 14 de Dezembro de 2018. -
A trama fantasiosa guiada por Sônia Braga é tediosa e estéril (magia do cinema? Poupem-nos), sobretudo quando comparada ao retorno microcósmico à improvável química entre Hurt e Raul. Fácil recair no pedantismo dos "filmes que poderiam ter sido"...
Felipe Leal | Em 11 de Dezembro de 2018. -
11 anos de diferença entre esta pérola que é como O Samurai de Melville: o mito do homem sem laços, amigos, namorada, estabilidade, sem sequer muito a dizer; nada exceto algo provocado pelo mistério de uma mulher e pelo gosto pelo risco.
Felipe Leal | Em 11 de Dezembro de 2018. -
Beineix fez um transe, um desdobrar sublime de fagulhas nessas personas todas particularmente místicas, na trama, lance do Destino, no subtexto - questão quimérica de vida e perpetuação - encarnado pela Diva - a se ver mil vezes, apaixonada insuficiência.
Felipe Leal | Em 10 de Dezembro de 2018. -
À improvável explosão erótica entre Turner e Hurt pode restar um gosto de insuficiência de manifestação - os planos de ambos entrelaçados são, ainda assim, de uma encenação palpável do contorno -, mas o levante neo-noir não incendeia menos a progressão.
Felipe Leal | Em 10 de Dezembro de 2018. -
You know what? I am better than you.
Felipe Leal | Em 10 de Dezembro de 2018. -
Nunca o ressoar de uma campainha abriu uma tragada tão assustadora fogo adentro do terror humano - história do ódio das tochas aos carros. Lindo que Lee tenha contado a história de um infiltrado, sendo ele um dentro do cinema: revisa, reconta, reescreve.
Felipe Leal | Em 23 de Novembro de 2018. -
Inesgotável Sang-soo, aqui pintando uma tragédia ao rio com seu preto e branco para aliar a plasticidade poética do prosaico ao charme dos seus personagens, todos amantes inveterados, hilariamente incongruentes, sempre à beira das pequenas "estupidezes".
Felipe Leal | Em 23 de Novembro de 2018.